quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

.de pernas pro ar


.minhas andanças em livrarias nos últimos dias me deixaram cheia de vontades. ando com pouco tempo para leituras aleatórias, porque meus estudos e trabalho ocupam a maior parte do tempo [e não abro mão de dormir, nem pensar!]. mas já estão na lista alguns livros que vou ter que dar um jeito de comprar...
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semana passada encontrei na livraria cultura, do bourbon em porto alegre, quatro livros em espanhol que muito me interessaram: "los tres mosqueteros", "el mago de oz", "alicia en el país de las maravillas" [já li, mas quero ver esta versão!] e uma coletânea linda do neruda, que agora não recordo o nome ao certo... fora uma coleção maravilhosa de tirinhas do snoopy, divididas por ano... desde o início, em 1950 [mas quase saí depressiva depois de ver o preço dela...].

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e ontem vi na saraiva, aqui em caxias, outro livro, do eduardo galeano, que me deixou bem curiosa: "de pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso". tive uma impressão muito boa dele [e.g.] lendo "o livro dos abraços", do qual retirei vários trechos para postar aqui no blog, e esse também me pareceu bastante interessante [dei uma lida bem rápida]. seguem uns trechinhos que podem explicar o por quê...



Caminhar é um perigo e respirar é uma façanha nas grandes cidades do mundo ao avesso. Quem não é prisioneiro da necessidade é prisioneiro do medo: uns não dormem por causa da ânsia de ter o que não têm, outros não dormem por causa do pânico de perder o que têm. O mundo ao avesso nos adestra para ver o próximo como uma ameaça e não como uma promessa, nos reduz à solidão e nos consola com drogas químicas e amigos cibernéticos. Estamos condenados a morrer de fome, morrer de medo ou a morrer de tédio, isso se uma bala perdida não vier abreviar nossa existência.

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Num mundo que prefere a segurança à justiça, há cada vez mais gente que aplaude o sacrifício da justiça no altar da segurança. Nas ruas das cidades são celebradas as cerimônias. Cada vez que um delinquente cai varado de balas, a sociedade sente um alívio na doença que a atormenta. A morte de cada malvivente surte efeitos farmacêuticos sobre os bem-viventes. A palavra farmácia vem de phármakos, o nome que os gregos davam às vítimas humanas nos sacrifícios oferecidos aos deuses nos tempos de crise.


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ps: 2 centenas de seguidores hoje! e eu que sempre fiz isso aqui por diversão/distração mesmo... o.O

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

.compêndio [de aleatoriedades]


.certos dias me cansam muito. e, quanto mais eu me canso, menos vontade tenho de postar qualquer coisa aqui. daí aparece a cris e diz que tem saudade da leveza com que vejo a vida [e eu também procuro por onde perdi isso]. e depois novos seguidores começam a pipocar do nada. e então eu volto. aos poucos, mas volto.

.não sei se sou eu que me consumo, ou a vida que me consome. tem dias que a gente nada contra a maré sem limites. que estupidez. eu não precisava ser tão mula às vezes. nem querer ser a salvadora de tudo e todos. preciso aprender a viver apenas minha vida; vou deixar os problemas alheios a quem os pertence. coisa séria. mania de querer resolver o que não está a meu alcance. acabo me perdendo de mim mesma... e isso definitivamente não agrega nada.


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mário quintana fala por mim:


"Dos nossos males

A nós bastem nossos próprios ais,

Que a ninguém sua cruz é pequenina.

Por pior que seja a situação da China,

Os nossos calos doem muito mais...
"

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"A verdadeira arte de viajar

A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,

Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.

Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...

Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!
"

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sábado, 12 de fevereiro de 2011

.free hugs

.achei linda a tirinha!


[enriqueta e fellini- por liniers.]

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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

.volver


.a querida Cris, do @Café, veio me dizer hoje, no facebook, que sente saudade da minha leveza de ver a vida com poesia. eu também sinto! a correria do dia-a-dia sufoca a gente, certas coisas vão sendo deixadas em segundo, terceiro, quarto planos.
mas esse recado me fez remexer na minha estante de livros, todos cheios de pétalas do jardim que ganhei. e, no meio da bagunça, peguei um livro do neruda, onde mora a flor que nunca vai morrer. e de lá retirei o seguinte trecho para hoje:


"Qué distancia en metros redondos
Que distância em metros redondos

hay entre o sol y las naranjas?

há entre o sol e as laranjas?


Quién despierta al sol cuando duerme

Quem desperta o sol quando dorme

sobre su cama abrasadora?

sobre sua cama abrasadora?


Canta la tierra como un grillo
Canta a terra como um grilo
entre la música celeste?

entre a música celeste?


Verdad que es ancha la tristeza,
É mesmo ampla a tristeza
delgada la melancolía?"

e tênue a melancolia?"



[pablo neruda - "livro das perguntas", páginas 64 e 65.]

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