segunda-feira, 30 de junho de 2008

.o prazer no costume

trechinho bem interessante do "Humano, Demasiado Humano" do Nietszche.


"O Prazer no Costume

Uma importante varie­dade do prazer e, com isso, fonte da moralidade, provém do hábito. O usual faz-se mais facilmente, melhor, portanto, com mais agrado, sente-se nisso um prazer e sabe-se, por experiência, que o habitual deu bom resultado, daí é útil; um costume, com o qual se pode viver, está provado que é salutar, pro­veitoso, ao contrário de todas as tentativas novas, ainda não comprovadas.

O costume é, por conse­guinte, a união do agradável e do útil; além disso, não exige reflexão. Assim que o homem pode exer­cer coação, exerce-a para impor e introduzir os seus costumes, pois para ele, eles são a comprovada sabedoria prática.

De igual modo, uma comunidade de indivíduos obriga cada um deles ao mesmo cos­tume.

Aqui está a conclusão errada: porque uma pessoa se sente bem com um costume ou, pelo me­nos, porque por intermédio do mesmo assegura a sua existência, então esse costume é necessário, pois passa por ser a única possibilidade de uma pessoa conseguir sentir bem; o agrado da vida parece emanar exclusivamente dele. Esta concepção do habitual como uma condição da existência é aplica­da até aos mais pequenos pormenores do costume: dado que o conhecimento da verdadeira causalidade é muito escasso entre os povos e as civilizações que se encontram a um nível baixo, vela-se, pois, com supersticioso receio, por que tudo continue a seguir com o mesmo andamento; mesmo quando o costume é dificil, austero, incômodo, é conserva­do, devido à sua utilidade aparentemente supe­rior.

Não se sabe que o mesmo grau de bem-estar também pode existir com outros costumes e que até é possível alcançar graus mais elevados. Mas aquilo que se percebe bem é que todos os costu­mes, até os mais austeros, com o tempo se tornam mais agradáveis e suaves e que até o modo de vida mais severo se pode tornar um hábito e, portanto, um prazer. "
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tá, pode parecer meio complicado, meio confuso, eu sei. então, pra descontrair um pouco:

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[ah, também tem a ver com o assunto, né? =D e eu concordo plenamente.]

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domingo, 29 de junho de 2008

.suavidade

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"Vou lhe dar de presente uma coisa.
É assim:
borboleta é pétala que voa."
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[clarice lispector]
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sábado, 28 de junho de 2008

.conclusão após horas de telefone nas últimas 24h

"Um busca uma parteira para seus pensamentos,
o outro, alguém a quem possa ajudar:
assim nasce uma boa conversa."
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[friedrich nietzsche]
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normalmente eu sou a parteira... mas tudo bem. mesmo que seja para aconselhar sobre relacionamentos, problemas no trabalho ou resolver uma dor de estômago, até explicar como se lava uma folha de alface.
não importa.
to sempre aí pra uma boa conversa...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

.assim mesmo...

"Não creio em quem não tem sonhos
Dou de ombros aos sempre bem-humorados
Não piso em chão macio
E meu choro é incompreendido...
.
.
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sim, sou mortal."




[uma das várias coisas que gostei, de um blog que eu recomendo...]

quinta-feira, 26 de junho de 2008

.além de ter preguiça...

...eu ando sem tempo pra ler. e pra postar outras coisas.
então, that's all folks!



terça-feira, 24 de junho de 2008

.leitura leve...

Livro do findi, bem legal: Selma e Sinatra, da Martha Medeiros.

[acompanhado de litros de chá de erva-doce, entãooo... afff! heheheh. aliás, uma coisa que eu sempre digo, e cada vez tenho mais certeza: virose é tudo aquilo que a medicina não explica. por exemplo: enjôos, febre e dor no corpo = virose. vômitos, febre, dor de cabeça = virose. dor no corpo, tosse, espirros = virose. sempre é virose. não importa, é um ciclo. em até 7 dias passa. então, médico pra quê, né?]



mas voltando...

eu já tinha lido esse livro. ganhei de uma amiga há anos, na época li e não achei grande coisa. lembro até que pensei: "o negócio da Martha é fazer crônicas mesmo...".
mas não.
acho que às vezes a gente lê as coisas na hora errada.
a história é interessante, mas o bom do livro é que tem muitos diálogos... e coisas que fazem a gente pensar na vida.
dá pra ler numa sentada, em duas horas e era isso.



Conta a história da Guta, uma jornalista meio fracassada... que escreveu três livros, sem sucesso... que tem uma vida mais ou menos, um emprego mais ou menos, ganha mais ou menos, é mais ou menos bonita, não deu certo com homem nenhum... enfim. uma pessoa bem mais ou menos. apesar de tudo isso, ela é convidada a escrever a biografia de uma das maiores, melhores e mais famosas cantoras brasileiras: Selma.

Selma, a toda perfeita, com uma vida perfeita... desde a infância, até o casamento, a carreira, os filhos.. tudo perfeito.
e o excesso de perfeição irrita muito. dá sono. cansa. ninguém pode ter uma vida tão certinha assim...
Mas a Guta consegue, um dia, achar um furo na vida da Selma. ela transou com o Frank Sinatra! [ooooooohhh... grande coisa, eu pensei! ¬¬']
mas pra ela foi grande coisa sim... a sra. perfeição, casada, fazer uma dessas... aiaiai!
e por aí a história se desenrola...

na verdade, esse enredo não é dos melhores mesmo. mas tem várias conversas entre a jornalista e a cantora que valem a pena, principalmente quando elas começam a se bicar.
deixo algus trechos aqui...



"- Você deve estar brincando, Selma. Nada do que você faz é deselegante, nada é incorreto, nada é sofrido. Você é a pessoa mais abençoada da face da Terra. Os deuses conspiram a seu favor, não há uma única mácula no seu currículo.
- E isso é bom ou é ruim?
- Deve ser um êxtase, quem além de você pode nos dizer?...
- Desculpe, Selma, desculpe. Claro que é ótimo. Quem não desejaria viver bem? Só não sei se... sei lá, talvez eu esteja me precipitando, ainda conheço tão pouco da sua vida... mas é que...
- Diga.
- Está tudo muito linear, entende? Muito conto de fadas. O leitor espera entrar profundamente na sua intimidade. Selma, eu gostaria de saber mais sobre seus medos, sobre suas frustrações, suas inseguranças. Para humanizar o livro.
- Para vender o livro, você quer dizer.

De novo a velha disputa entre mercado e arte.

- Não, eu quis dizer para humanizar mesmo. Selma, as pessoas sabem a carreira brilhante que você construiu. Conhecem sua voz, seu talento, compraram seus disco. Já viram entrevistas suas na tevê e nas revistas. Sabem que você foi muito bem casada e que depois que enviuvou não voltou a casar. Mas isso aqui não é uma entrevista. Eu vou colhendo material para uma biografia.
- Muito bem. Pergunte.
- Este casamento sensacional, cinematográfico e apaixonado nunca sofreu nenhum abalo?
- É isso que humaniza uma pessoa? O que ela sofreu?... Guta, pelo visto tenho muito a aprender com você. O que é uma perda violenta? Perder o horário da manicure? Como você pode saber o que eu senti?
- Eu falo de outro tipo de perda. Da perda de si mesmo. A perda de um amor que não se concretizou, a perda de um sonho. A perda de algo que deveria ter acontecido e não aconteceu. Essas coisas que não permitem que nosso destino se realize, ao menos não o destino que a gente idealizava. Você entende sobre o que estou falando?
- Entendo, Guta, mas não posso corresponder às suas expectativas. Meu destino era ser cantora e fui cantora. Sou cantora. E uma das melhores do país. A melhor, sendo exata. Eu tive poucos namorados, logo conheci o Henrique, me apaixonei por ele, casamos e fomos felizes até o dia que ele entrou naquela sala de cirurgia para operar o coração e de lá nunca mais saiu. Meus dois filhos não vivem comigo porque eles têm a vida deles, é natural. Me telefonam, me visitam, o que mais pode se esperar de dois marmanjos? Eu estou aqui, com 70 anos nas costas, bem amparada nas minhas duas pernas e passando batom até pra dormir, porque a única interrupção violenta que eu conheço pode acontecer comigo a qualquer hora do dia ou da noite, e não pretendo ser pega desprevenida. O resto não é interrupção, filha, é continuidade. Nada se interrompe enquanto estivermos respirando.

- O que é que lhe dói?
- Rugas. Rugas doem mais do que pedra no rim.
- Eu estou falando sério.
- Eu também.
- Desculpe, Selma. Acho que estou forçando a barra.
- Você está apenas desapontada por eu ser feliz.
- Não, eu não sou nenhum espírito de porco, não me interprete mal. É que me custa a creditar que alguém não tenha conflitos. Todo mundo tem conflitos. Conflitos imensos.
- Não estou dizendo que eu não tenha, Guta. Não são imensos, são modestos. O que eu não acho é que eles sejam mais interessantes do que as minhas alegrias, do que as minhas vitórias.
- Desculpe. Estou no meu inferno zodiacal, deve ser isso.
- Quantos anos você vai fazer?
- Quarenta e um.
- É, já está na hora de você ter um livro de sucesso."

[ai, alguém perdeu os dedos aqui...]



...

sábado, 21 de junho de 2008

.timidez

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.


Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.


Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.


E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
e um dia me acabarei.


[cecília meireles]

sexta-feira, 20 de junho de 2008

quarta-feira, 18 de junho de 2008

.bilhete

aieeeeeeee, eu ri muitooooo lendo isso.
[porque, taquipariu!!! é cada coisa que se vê por aí...]


***

Olá,

meus queridos e desocupados fofoqueiros! Este singelo bilhete tem um único e puro objetivo: desejar que todos tenham um bom dia e, também, muita tranqüilidade para resolverem as próprias obrigações...
Que todos tenham muita paz para cuidar da própria vida, e que aproveitem o precioso tempo - precioso porque faz parte da vida que, por sua vez, é um dom de Deus - para desenvolverem coisas produtivas, ao invés de gastarem energia a se preocuparem com a vida alheia e com o que esta ou aquela pessoa faz ou deixa de fazer.
Tenho a certeza, ainda, que vocês todos seriam mais felizes se, além de não se preocuparem com a vida alheia, deixassem de criar e inventar histórias que só envenenam o ambiente, que não acrescentam nada de bom ao espírito de ninguém...
Não quero ser chata ou moralista, mas o convívio social é algo ao qual estamos expostos em nome da sobrevivência. Infelizmente, não podemos escolher o local ou as pessoas com as quais vamos trabalhar e então devemos respeitar alguma regras básicas como, por exemplo, não invadir a privacidade dos outros e, principalmente, não caluniar ou difamar, porque estas coisas, inclusive, caracterizam crime!
Ninguém é obrigado a gostar ou ser amigo de ninguém mas, como já disse antes, às vezes somos obrigados. Portanto, com cada um cuidando de seu umbigo, as coisas tendem a ir pra frente.
Mais uma vez, tenham um bom dia.

***

ah, sim, desculpa.
não ofereci um cafezinho...




terça-feira, 17 de junho de 2008

.eu me identifico com isso...





na preguiça, na objetividade, na cara-de-pau! heheheh...



domingo, 15 de junho de 2008

.na véspera

Na véspera de não partir nunca
Ao menos não há que arrumar malas
Nem que fazer planos em papel,
Com acompanhamento involuntário de esquecimentos,
Para o partir ainda livre do dia seguinte.
Não há que fazer nada
Na véspera de não partir nunca.
Grande sossego de já não haver sequer de que ter sossego!
Grande tranqüilidade a que nem sabe encolher ombros
Por isto tudo, ter pensado o tudo
É o ter chegado deliberadamente a nada.
Grande alegria de não ter precisão de ser alegre,
Como uma oportunidade virada do avesso.
Há quantas vezes vivo
A vida vegetativa do pensamento!
Todos os dias sine linea
Sossego, sim, sossego...
Grande tranqüilidade...
Que repouso, depois de tantas viagens, físicas e psíquicas!
Que prazer olhar para as malas fitando como para nada!
Dormita, alma, dormita!
Aproveita, dormita!
Dormita!
É pouco o tempo que tens!
Dormita!
É a véspera de não partir nunca!

[de álvaro de campos - um dos pseudônimos de fernando pessoa]

sexta-feira, 13 de junho de 2008

.da minha caixa de e-mails

São raros os e-mails úteis que eu recebo... por isso quase nem tenho hábito de repassar, porque creio que, como eu, todo mundo já esteja de saco cheio de receber spams, apresentações em ppt, correntes e baboseiras em geral.
mas a Ale sempre me manda coisas úteis e interessantes. e hoje vou fazer aqui o clássico Ctrl+C - CTRL+V.
muito bom, vale a pena ler mesmo...



Por Airton Luiz Mendonça
(Artigo do jornal o Estado de São Paulo )

"O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos.
Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio... você começará a perder a noção do tempo.
Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea.
Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol.

Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar:
Nosso cérebro é extremamente otimizado.
Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho.
Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia.
Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade.
Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia e portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo.

É quando você se sente mais vivo.

Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e 'apagando' as experiências duplicadas.
Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente.
Quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado, nossa atenção parece ser requisitada ao máximo.
Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular ao mesmo tempo.

Como acontece?

Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa , no lugar de repetir realmente a experiência).
Em outras palavras, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa...
São apagados de sua noção de passagem do tempo....

Quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida.
Conforme envelhecemos, as coisas começam a se repetir -as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações... enfim... as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo.
Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década.
Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a...

ROTINA

Não me entenda mal.
A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.

Felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M (Mude e Marque).

Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotos.
Mude de paisagem, tire férias com a família (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas.
Tenha filhos (eles destroem a rotina) e sempre faça festas de aniversário para eles, e para você (marcando o evento e diferenciando o dia).
Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais.

Faça festas de noivado, casamento, 15 anos, bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formatura de sua turma, visite parentes distantes, entre na universidade com 60 anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo.

Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente.

Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes.

Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes.

Seja diferente.

Se você tiver dinheiro, especialmente se já estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos.. ... em outras palavras.... .. V-I-V-A. !!!

Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.
E se tiver a sorte de estar casado(a) com alguém disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais v-i-v-o... do que a maioria dos livros da vida que existem por aí.

Cerque-se de amigos.
Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes, com religiões diferentes e que gostam de comidas diferentes.

Enfim, acho que você já entendeu o recado, não é?

Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida.

ESCREVA em tAmanhos diFeRenTes e em CorES difErEntEs !

CRIE, RECORTE, PINTE, RASGUE, MOLHE, DOBRE, PICOTE, INVENTE, REINVENTE.... . "

quinta-feira, 12 de junho de 2008

.[in]dependente dos motivos

normalmente quando eu posto alguma poesia, ou poema, ninguém comenta.
eu sei que as pessoas lêem, mas preferem não dizer nada.
talvez porque pouca gente goste. talvez porque não entendam p**** nenhuma. ou ainda porque fiquem imaginando o motivo que me fez colocar tal coisa aqui.
não sei.

o que eu acho é que falta 'poesia' na vida das pessoas.
falta romantismo, falta leveza, delicadeza.
falta sinceridade, falta respeito, consideração.
as coisas andam tão rápidas, prontas em 3 minutos, e sem sentimento algum... todo mundo com pressa, querendo tudo pra ontem. não se pode mais confiar em quase ninguém, muitas são as promessas falsas, e as intenções superficiais.
valores se perdendo, pencas de pessoas se tornando descartáveis. um vazio completo.
mas há exceções, eu sei.
e eu acho que é por isso que a gente ainda segue. ainda...

.

fiquei em dúvida do que colocar aqui hoje.
tem os 5 motivos da rosa, lindos, da cecília meireles.
mas optei por dois poemas de fernando pessoa. adoro as obras dele [e seus vários pseudônimos]...

.

TENHO TANTO SENTIMENTO

"Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar."


***

ANÁLISE

"Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo."

***

[e a música, aquela, continua...]

terça-feira, 10 de junho de 2008

.aleatória

[aleatória sim, mas nem por isso uma poesia qualquer...]


"Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
— nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio. "


[Clarice Lispector]

...

E tem uma música que há dias quebra todo meu silêncio.
Que droga. Coisa mais grudenta... [não que ela seja ruim, mas...]

segunda-feira, 9 de junho de 2008

.tolerância zero

hahahaha...
eu gosto do bob perfeito X bob nervoso...



sexta-feira, 6 de junho de 2008

.de Porto, em Porto

Porto Alegre sempre me reserva coisas interessantes.
Caramba, que saudade de morar aqui.
.
A nostalgia é imensa... chegar, dar de cara com o Guaíba... passar pela Osvaldo Aranha, olhar pro prédio onde eu morava [e hoje dei uma de louca, fui dar um oi pro porteiro, e pedir um favor também...].
.
E qual é a probabilidade de encontrar uma ex-amiga, sendo que só fico três dias aqui? Pois é, pensei na guria e no minuto seguinte ela apareceu na minha frente. E fez de conta que não me viu. Meu sexto sentido não falha, cada vez me convenço mais...
.
Passar pela UFRGS, pelos prédios onde eu estudei... e trabalhei também. O laboratório no antigo prédio da Medicina. Tudo ainda no mesmo lugar, com as mesmas paredes caindo, sem pintura, sem cor. Poucos prédios em reforma.
.
Almoçar no restaurante de sempre, que mudou de nome, e de donos... [a comida também já não é a mesma, perdi minha lasanha de espinafre favorita pra sempre...].
Mas o velhinho tarado que almoça todos dias lá marcou sua presença... continua igual, com aquele jeito de olhar de revesgueio pra todas as mulheres... e o mesmo terno, com a camisa branca.
.
E descer a Andradas toda, aquele movimento desgraçado do Centro...
"ouro, píErcin e tatuage!!" [ãhn?]
"dentista, dentista! obturação, limpeza, prótese e aparelhooo" [!!!]
Um caos completo...
Só depois de passar pela Praça da Alfândega acalma um pouco. Aliás, hoje tinha meia dúzia de indiozinhos - engraçadinhos, de roupas verdes, todas iguais - cantando lá, em troca de umas poucas moedas... Aqui sempre se vê de tudo um pouco...
.
A Rádio Guaíba [clássica] ali na Caldas Júnior... bem na esquina tem o estúdio aberto, todo de vidro... estavam apresentando um programa de debate de sei lá o que... e o povo parado ali, olhando e escutando...
.
No final, a Casa de Cultura Mário Quintana, o hotel onde ele morava. Um paraíso no meio do inferno do Centro... Sempre que posso, faço uma visitinha... tem um pequeno museu com pertences dele, fotos e livros... E o quarto também, com vários objetos que pertenceram a ele, e algumas réplicas... [digamos que o Quintana vivia numa bagunça organizada... adoro!].
E o café lá é bem legal... lugarzinho bom pra parar tudo e não se fazer mais nada.
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Voltar e ver que a Redenção continua a mesma... a única coisa diferente é a placa nova do parquinho.
No mais, tudo segue igual.
As pessoas, o barulho, a sujeira da cidade...
Pra onde, apesar de tudo, eu ainda quero voltar muitas vezes.
.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

.

"Mas o que quer dizer este poema? - perguntou-me alarmada a boa senhora.
E o que quer dizer uma nuvem? - respondi triunfante.
Uma nuvem - disse ela - umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo..."

[mário quintana]

quinta-feira, 5 de junho de 2008

.hoje, um pouco de poesia...

...


Serenata

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.

Permita que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.

Permita que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.

[cecília meireles]



terça-feira, 3 de junho de 2008

.propício para o momento

.
[pior... a alienação que anda por aí tá f*** mesmo...]


segunda-feira, 2 de junho de 2008

.do que realmente importa

Continuando sobre o livro.
Não quero escrever aqui as partes ruins... todo sofrimento do final da vida do Marley, e a dor da família de perdê-lo... era o fim óbvio, assim como vai ser o de todos nós.
Toda separação é dolorosa... ainda mais nessas circunstâncias.
Mas eis o que eu queria deixar aqui... um trechinho sobre as coisas boas que ficaram.


"O que eu realmente queria contar era como este animal tocara nossas almas e nos ensinara algumas das lições mais importantes de nossas vidas. "Uma pessoa pode aprender muito com um cão, mesmo com um cão maluco como o nosso", escrevi. "Marley me ensinou a viver cada dia com alegria e exuberância desenfreadas, aproveitar cada momento e seguir o que diz o coração. Ele me ensinou a apreciar coisas simples - um passeio pelo bosque, uma neve recém caída, uma soneca sob o sol de inverno. E enquanto envelhecia e adoecia, ensinou-me a manter o otimismo diante da adversidade. Principalmente, ele me ensinou sobre a amizade e o altruísmo e, acima de tudo, sobre lealdade incondicional".

Era um conceito interessante que só então, após a morte dele, eu compreendia inteiramente. Marley como mentor. Como professor e exemplo. Seria possível para um cachorro - qualquer cachorro, mas principalmente um absolutamente incontrolável e maluco como o nosso - pudesse mostrar aos seres humanos o que realmente importa na vida? Eu acreditava que sim. Lealdade. Coragem. Devoção. Simplicidade. Alegria. E também as coisas que não tinham importância. Um cão não precisa de carros modernos, palacetes ou roupas de grife. Símbolos de status não significam nada para ele. Um pedaço de madeira encontrado na praia serve. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não. Enquanto eu descrevia a coluna de despedida para Marley, descobri que tudo estava bem à nossa frente, se apenas pudéssemos ver. Às vezes, era preciso um cachorro com mau hálito, péssimos modos e intenções puras para nos ajudar a ver."

[John Grogan]