sábado, 29 de março de 2008

.dos olhos de quem a vê

Prosseguindo com as crônicas da Martha...


Bonita mesmo

Quando é que uma mulher é realmente bonita? No momento em que sai do cabelereiro? Quando está numa festa? Quando posa para uma foto? Clic, clic, clic. Sorriso amarelo, postura artificial, desempenho para o público. Bonitas mesmo somos quando ninguém está nos vendo.
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Atirada no sofá, com uma calça de ficar em casa, uma blusa faltando um botão, as pernas enroscadas uma na outra, o cabelo caindo de qualquer jeito pelo ombro, nenhuma preocupação se o batom resistiu ou não à longa passagem do dia. Um livro nas mãos, o olhar perdido dentro de tantas palavras, um ar de descoberta no rosto. Linda.
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Caminhando pela rua, sol escaldante, a manga da blusa arregaçada, a nuca ardendo, o cabelo sendo erguido num coque malfeito, um ar de desaprovação pelo atraso do ônibus, centenas de pessoas cruzando-se e ninguém enxergando ninguém, ela enxuga a testa com a palma da mão, ajeita a sobrancelha com os dedos. Perfeita.
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Saindo do banho, a toalha abandonada no chão, o corpo ainda úmido, as mãos desembaçando o espelho, creme hidratante nas pernas, desodorante, um último minuto de relaxamento, há um dia inteiro pra percorrer e assim que a porta do banheiro for aberta já não será mais dona de si mesma. Escovar os dentes, cuspir, enxugar a boca, respirar fundo. Espetacular.
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Dentro do teatro, as luzes apagadas, o riso solto, escancarado, as mãos aplaudindo em cena aberta, sem comandos, seu tronco deslocando-se quando uma fala surpreende, gargalhada que não se constrange, não obedece à adequação, gengiva à mostra, seu ombro encostado no ombro ao lado, ambos voltados pra frente, a mão tapando a boca num breve acesso de timidez por tanta alegria. Um sonho.
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O carro estacionado às pressas numa rua desconhecida, uma necessidade urgente de chorar por causa de uma música ou uma lembrança, a cabeça jogada sobre o volante, as lágrimas quentes, fartas, um lenço de papel catado na bolsa, o nariz sendo assoado, os dedos limpando as pálpebras, o retrovisor acusando os olhos vermelhos e mesmo assim servindo de amparo, estou aqui com você, só eu estou te vendo. Encantadora.
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E lendo tudo isso, algumas recordações vieram...
...dia desses estava eu, de madrugada, frio pra caramba, dormindo agarrada no volante de um carro [as circunstâncias não vêm ao caso]. Imagino que linda. ¬¬'
...ou então quando chorei porque passei na porcaria [desabafo] do exame da auto-escola. Obrigada, Deus, por existirem óculos escuros. Perfeita, claro. [patética, no mínimo]
...ou quando me meti no meio do mato, que indiada, calor desgraçado, suor escorrendo pela testa, toda descabelada, mosquitos me picando. Encantadora, lógico.
...e agora mesmo, quando levantei da cama e vim pra frente do pc postar esse monte de asneira: cabelo todo revoltado [porque recém cortei e acho que ainda não aprendi a lidar muito bem com ele], pijama, olhar cansado. Depois me dizem que eu acordo linda... aham!!! Pobre espelho...

Mas sabe... essas coisas todas mostram nossa humanidade. E não há nada mais interessante numa pessoa do que ser natural. Ela mesma. A verdade nua e crua. Desarmada.

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quinta-feira, 27 de março de 2008

.é a tal da coisa...

Nem sei quantas vezes nos últimos tempos eu ouvi a expressão "intimidade é uma merda!"...
E eu concordo até certo ponto, porque tem coisas que realmente são dispensáveis...
Mas achei a visão da Martha nesse texto [ainda daquele mesmo livro] absolutamente fantástica... um outro ângulo sobre o mesmo tema... e um trecho que em parte eu me identifiquei muito...
E assim diz:

Intimidade
Se alguém perguntar o que pode haver de mais íntimo entre duas pessoas, naturalmente que a resposta não será sexo, a não ser que não se entenda nada de intimidade, ou de sexo.
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Pré-adolescentes, ainda cheirando a danoninho, beijam três, sete, nove numa única festa e voltam pra casa tão solitários quanto saíram. Dois estranhos transam depois de uma noitada num bar - não raro no próprio bar - e despedem-se mal lembrando o nome um do outro. Quanto mais rápidos no ataque, quanto mais vorazes em ocupar mãos, bocas, corpos, menos espaço haverá pra intimidade, que é coisa bem diferente.
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O filme Encontros e desencontros me fez lembrar de uma expressão antiga que a gente usava quando queria dizer que duas pessoas haviam feito sexo: "dormiram juntos". Era isso que determinava que a relação era íntima. O que o casal havia feito antes de pegar no sono ou ao acordar não era da nossa conta, ainda que a gente desconfiasse que ninguém havia pregado o olho. Se Fulano havia dormido com Sicrana, bom, era sinal de que havia algo entre eles. Hoje a gente diz que Fulano comeu Sicrana e isso não quer dizer absolutamente nada.
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Encontros e desencontros mostra a perplexidade de dois americanos no Japão - e a vivência profunda de sentir-se um estrangeiro, inclusive para si mesmo. Chega a ser previsível que a cena mais caliente do filme não seja a de um beijo e suas derivações, e sim a cena em que o casal de protagonistas está deitado na mesma cama, ambos vestidos, falando da vida, quando o cansaço e o sono os capturam. Ninguém apaga a luz, ninguém tira a roupa, ninguém seduz ninguém, eles apenas sentem-se à vontade para entrar juntos num estado de inconsciência, que é o momento em que ficamos mais vulneráveis e desprotegidos. Pra não dizer que faltou um toque, Bill Murray pousa a mão no pé de Scarlett Johansson antes de dormir profundamente. Poucas vezes o cinema mostrou cena tão íntima.
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Enquanto isso, casais unem-se e desunem-se numa ansiedade tal que parece que vão todos morrer amanhã. Não há paciência para uma troca de olhares, para a descoberta de afinidades, e muito menos para deixar a confiança ganhar terreno. O que há é pressa. Uma necessidade urgente de quebrar recordes sexuais, de aproveitar a vida através de paixões quase obrigatórias, forjadas, que não são exatamente encontros, mas desencontros brutais. Meio mundo está perdido em Tóquio.
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terça-feira, 25 de março de 2008

.o 12º

Não sei exatamente por que, mas esse ano voltei a ler como antigamente, se não mais...
E o 12º eleito é o ótimo "Coisas da Vida", crônicas da Martha Medeiros. Ainda não terminei, mas já tem muitas delas que eu gostaria de colocar aqui. O problema é que tá difícil escolher.
Então fiz aquela coisa meio "Bíblia", quando as pessoas abrem numa página qualquer esperando uma resposta pra resolver a dor e as angústias que sentem. Eu precisava escolher de alguma forma, então decidi ao acaso.
E eis a crônica de hoje:
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Lembranças mal lembradas
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A maioria dos nossos tormentos não vêm de fora, estão alojados na nossa mente, cravados na nossa memória. Nossa sanidade (ou insanidade) se deve basicamente à maneira como nossas lembranças são assimiladas. "As pessoas procuram tratamento psicanalítico porque o modo como estão lembrando não as libera para esquecer." Frase do psicanalista Adam Philips, publicada no livro O flerte.
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Como é que não pensamos nisso antes? O que nos impede de ir pra frente é uma lembrança mal lembrada que nos acorrenta ao passado, estanca o tempo, não permite avanço. A gente implora a Deus para que nos ajude a esquecer um amor, uma experiência ruim, uma frase que nos feriu, quando na verdade não é esquecer que precisamos: é lembrar corretamente. Aí sim: lembrando como se deve, a ânsia por esquecimento poderá até ser dispensada, não precisaremos esquecer de mais nada. E, não precisando, vai ver até esqueceremos.
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Ah, se tudo fosse assim tão simples. De qualquer maneira, já é um alento entender as razões que nos deixam tão obcecados, tristes, inquietos. São as tais lembranças mal lembradas.
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Você fez cinco anos, sonhava em ganhar a primeira bicicleta, seu pai foi viajar e esqueceu. Uma amiga íntima, que conhecia todos os seus segredos, roubou seu namorado. Sua mãe é fria, distante, percebe-se que ela prefere disparado sua irmã mais nova. E aquele amor? Quanta mágoa, quanta decepção, quanto tempo investido à toa, e você não esquece - passaram-se anos e você, droga, não esquece.
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Essas situações viram lembranças, e essas lembranças vão se infiltrando e ganhando forma, força e tamanho, e daqui a pouco nem saberemos mais se elas seguem condizentes com o fato ocorrido ou se evoluíram para algo completamente alheio à realidade. Nossa percepção nunca é 100% confiável.
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O menino de cinco anos superdimensiona uma ausência que foi emergencial, não proposital.
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Você nem gostava tanto assim daquele namorado que sua amiga surrupiou (aliás, eles estão casados até hoje, não foi um capricho dela.)
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Sua mãe tratava as filhas de modo diferenciado porque cada filho é de um modo, cada um exige uma demanda de carinho e atenção diferente, o dia que você tiver filhos vai entender que isso não é desamor.
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E aquele cara perturba seu sono até hoje porque você segue idealizando o sujeito, se recusa a acreditar que o amor vem e passa. Tudo parecia tão perfeito, ele era o tal príncipe do cavalo branco sem tirar nem pôr. Ajuste o foco: o coitado foi apenas o ser humano que cruzou a sua vida quando você estava num momento de carência extrema. Libere-o dessa fatura.
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São exemplos simplistas e inventados, não sou do ramo. Mas Adam Philips é, e me parece que ele tem razão. Nossas lembranças do passado precisam de eixo, correção de rota, dimensão exata, avaliação fria - pena que nada disso seja fácil. Costumamos lembrar com fúria, saudade, vergonha, lembramos com gosto pelo épico e pelo exagero. Sorte de quem lembra direito.
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[devo concordar....]

sábado, 22 de março de 2008

.mais simples, impossível

Mato.
Amigo querido.
Gente divertida.
Um rio.
Nuvens insistindo em sumir com o sol.
Pássaros.
A sombra das árvores.
Chuva ao final.
Uma sensação estranha.
Silêncio.
Paz.
Porque eu tenho a primavera aqui dentro e o outono lá fora.

E algumas palavras do Raul caem na minha mão [organizar as coisas dá nisso: a gente reencontra muito daquilo que já significou algo um dia.]

"Tente me ensinar das tuas coisas. Que a vida é séria e a guerra é dura.
Mas se não puder, cale essa boca e deixa eu viver minha loucura."

Com quase tudo em ordem, eu senti mais falta ainda de certo livro. Da página 23.
Eu preciso dele de volta.

E pra Nine: tu também me deve um, né senhorita? [prometo te contar o final.]

quinta-feira, 20 de março de 2008

.a leveza vem quando nada mais assusta

Leve é o pássaro:
e a sua sombra voante,
mais leve.

E a cascata aérea
de sua garganta,
mais leve.

E o que se lembra,
ouvindo-se
deslizar seu canto,
mais leve.

E o desejo rápido
desse mais antigo instante,
mais leve.

E a fuga invisível
do amargo passante,
mais leve.


[cecília meireles]




***

e ainda bem que chegou o outono.
que caiam as folhas.



terça-feira, 18 de março de 2008

.por isso que gosto dele...


... porque pensamos de forma quase igual...





... e porque muitas vezes traduz o que eu sinto.

segunda-feira, 17 de março de 2008

.pouco por hoje...

"Porque eu sou do tamanho daquilo que sinto, que vejo e que faço, não do tamanho que os outros me enxergam"

[carlos drummond de andrade]
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[eu diria que principalmente do que sinto...]
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não sei por que, mas hoje empaquei [sim, mula] lendo um livro... comecei três vezes e parei.
algo de errado acontece...
[de mim para mim mesma: "ana, vai numa livraria urgente."]

quarta-feira, 12 de março de 2008

.isso tem vários sentidos...

Procura-se uma casa
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Admiro as pessoas que vivem a vida inteira na mesma casa. Tenho almejado isso secretamente, mas por uma fatalidade estou sempre mudando. Quando me mudo para uma nova casa, tenho a sensação de que vou ficar ali para sempre. E é nesse estado de espírito que vivo nas casas.
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A casa precisa ser natural, cair bem, como um paletó cortado no alfaiate. Precisamos nos sentir bem dentro dela, ainda mais agora, que as autoridades admitiram a nossa cotidiana guerrinha civil. (...)
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Estou de mudança. Mais uma vez, na minha vida, estou de mudança. A perspectiva da mudança causa em mim sentimentos indefinidos, uma mistura de medo, euforia, excitação, coragem. Há o sentimento de perda, claro, vou perder a minha vista para as ilhas, para as chuvas que vêm do infinito, para a imensidão oceânica, vou perder o meu jornaleiro, o Dinho, vou perder os meus porteiros a quem tanto me afeiçoei, o seu Jonas, que lava meu carro, o seu Expedito, o Pará, a escadaria que dá nas figueiras seculares, o barulho do vento, a serena ordem da minha biblioteca, o Corcovado, e tudo o que construí pra sempre agora naufraga no irremissível. Mas assim é a vida.
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E tenho de decidir para onde me mudarei. Vou botar um anúncio no jornal: Procura-se uma casa com janelas, vizinhos discretos, clara e arejada, com sol da manhã no pé da cama, um sótão de onde se possa ver a lua em fevereiro (mas também em agosto e dezembro), e as estrelas por uma clarabóia. Procura-se uma casa em que caibam os meus livros, tantos e tão poucos, as minhas velhas cadeiras de vime, os meus castiçais acesos, e vinhos, o meu silêncio e o meu amor, a minha insuportável queda para a felicidade, o tédio, a insatisfação e a melancolia. Uma casa com uma boa cozinha onde se possa conversar sussurrando com o homem amado, uma janela dando para o quintal, onde eu possa ver as crianças correndo, crescendo, e o tempo passando como sempre, inexorável e eterno.
...
[ana miranda. O Dia - Rio, 14 ago. 1999]

terça-feira, 11 de março de 2008

.quase eu

"Eu triste sou calada
Eu brava sou estúpida
Eu lúcida sou chata
Eu gata sou esperta
Eu cega sou vidente
Eu carente sou insana
Eu malandra sou fresca
Eu seca sou vazia
Eu fria sou distante
Eu quente sou oleosa
Eu prosa sou tantas
Eu santa sou gelada
Eu salgada sou crua
Eu pura sou tentada
Eu sentada sou alta
Eu jovem sou donzela
Eu bela sou fútil
Eu útil sou boa
Eu à toa sou tua."
[martha medeiros]

sexta-feira, 7 de março de 2008

.escritura*

Escribo menos de lo que veo
Y veo bastante menos de lo que hay.
Sin embargo sería suficiente
tomar un haz de palabras
y salir a errar
por la página en blanco
sin perder de vista
que el mundo es largo
pero nunca el único.

[Teresa Calderon* - poetisa chilena]


[e como dizia Mário Quintana:
"E nunca me perguntes o assunto de um poema: um poema sempre fala de outra coisa."]

quarta-feira, 5 de março de 2008

.de uma história triste... e logicamente linda.

Demorei [porque ando deveras ocupada] mas terminei de ler O Caçador de Pipas. Ainda não consegui ver o filme mas, como já disse, normalmente os livros são melhores... têm mais detalhes.
E dele tirei três pedaços... pequenos, mas com muito significado.
[na verdade, tem muitas partes legais, e eu queria ter sublinhado meio livro, só que, como não me pertence, não o fiz. - apesar de que o dono sempre faz isso com os dele.]

"Quando eu estava na quarta série, tinha um mulá que nos dava aulas sobre o islã. Chamava-se mulá Fatiullah Khan. Era um homem baixinho e atarracado, com o rosto todo marcado de acne e uma voz rouca. (...) Certo dia, ele disse que o islã considerava a bebida um pecado terrível; aqueles que bebessem teriam de responder por esse pecado no dia do Qiyamat, o Dia do Juízo. Naquela época, beber era coisa bastante comum em Cabul. Ninguém seria chicoteado em praça pública por esse motivo, mas os afegãos que bebiam não o faziam em público, por uma questão de respeito. (...)

Estávamos no escritório de baba, a tal "sala de fumar", quando eu lhe disse o que o mulá Fatiullah Khan tinha nos ensinado na aula. Baba estava se servindo de uísque no bar que tinha mandado fazer no canto da sala. Ele me ouviu, assentiu com a cabeça, tomou um gole da bebida. Depois, sentou no sofá de couro, deixou o copo de lado e me pôs no colo. (...)
- Pelo que vejo, você está confundindo o que aprende na escola com a educação de fato - disse ele com sua voz grave.
- Mas se o que ele disse é verdade, você não é um pecador, baba?
- Humm. -- Baba trincou um cubo de gelo com os dentes. - Quer saber o que seu pai acha sobre essa história de pecado?
- Quero.
- Pois então vou lhe dizer, mas, primeiro, entenda bem isso, e entenda de uma vez por todas, Amir: você nunca vai aprender nada que preste com esses idiotas barbudos.
(...)
- Pouco importa o que diga esse mulá; existe apenas um pecado, um só. E esse pecado é roubar. Qualquer outro é simplesmente uma variação do roubo. Entende o que estou dizendo?
(...)
- Quando você mata um homem, está roubando uma vida - disse baba. - Está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça. Entende?"

***

do trecho de uma carta:
"Mas espero que pense bem nisso: um homem que não tem consciência, que não tem bondade, não sofre."

***

sobre uma criança magoada por uma promessa quebrada:
"É assim que as crianças lidam com o terror. Adormecem."

[me identifiquei, porque era justamente isso que eu fazia...]

segunda-feira, 3 de março de 2008

.solilóquios

tem palavras estranhas que a gente pode passar a vida inteira sem usar, ler ou escutar...
e ontem eu me deparei duas vezes com uma dessas.
[vai saber porquê???]

a primeira vez foi num poema de um escritor chileno...
e a segunda foi no meu tradicional ócio noturno, lendo "O caçador de pipas" [aliás, muito, muito, muito bom... não vi o filme, mas normalmente o livro costuma ser melhor, nesses casos.]

então, vamos aos solilóquios...
[definição: s.m. 1. V. monólogo. 2. aquilo que cada um diz, falando consigo mesmo.]

e de onde eu tirei isso....

"Las reglas de la evasión

Acumulación de lamentos, palpitaciones, penitencias, doble tropiezo.
Consolaciones del desterrado, apuros, apetencias, bolero andaluz.
Fisura de espíritus, tropelías, soliloquios, aire perdido.
Orgullo del mediocre, apología, coartada, cómodo recurso.
Ley del menor esfuerzo, anuencia, fatalismo, tragedia moral."


[Tito Alvarado - poeta chileno]

e do livro...

(...)"A bacia fraturada e todas as complicações que o general teve por conta disso - como pneumonia, septicemia, a estada prolongada em uma clínica - acabaram com os intermináveis solilóquios de khala Jamila sobre sua própria saúde. E deram início a outros tantos sobre a do general." (...)


e eu descobri que sou uma adepta de solilóquios!

[que coisa mais inútil... falta de coisa melhor - e tempo - para postar hoje...]