quarta-feira, 5 de março de 2008

.de uma história triste... e logicamente linda.

Demorei [porque ando deveras ocupada] mas terminei de ler O Caçador de Pipas. Ainda não consegui ver o filme mas, como já disse, normalmente os livros são melhores... têm mais detalhes.
E dele tirei três pedaços... pequenos, mas com muito significado.
[na verdade, tem muitas partes legais, e eu queria ter sublinhado meio livro, só que, como não me pertence, não o fiz. - apesar de que o dono sempre faz isso com os dele.]

"Quando eu estava na quarta série, tinha um mulá que nos dava aulas sobre o islã. Chamava-se mulá Fatiullah Khan. Era um homem baixinho e atarracado, com o rosto todo marcado de acne e uma voz rouca. (...) Certo dia, ele disse que o islã considerava a bebida um pecado terrível; aqueles que bebessem teriam de responder por esse pecado no dia do Qiyamat, o Dia do Juízo. Naquela época, beber era coisa bastante comum em Cabul. Ninguém seria chicoteado em praça pública por esse motivo, mas os afegãos que bebiam não o faziam em público, por uma questão de respeito. (...)

Estávamos no escritório de baba, a tal "sala de fumar", quando eu lhe disse o que o mulá Fatiullah Khan tinha nos ensinado na aula. Baba estava se servindo de uísque no bar que tinha mandado fazer no canto da sala. Ele me ouviu, assentiu com a cabeça, tomou um gole da bebida. Depois, sentou no sofá de couro, deixou o copo de lado e me pôs no colo. (...)
- Pelo que vejo, você está confundindo o que aprende na escola com a educação de fato - disse ele com sua voz grave.
- Mas se o que ele disse é verdade, você não é um pecador, baba?
- Humm. -- Baba trincou um cubo de gelo com os dentes. - Quer saber o que seu pai acha sobre essa história de pecado?
- Quero.
- Pois então vou lhe dizer, mas, primeiro, entenda bem isso, e entenda de uma vez por todas, Amir: você nunca vai aprender nada que preste com esses idiotas barbudos.
(...)
- Pouco importa o que diga esse mulá; existe apenas um pecado, um só. E esse pecado é roubar. Qualquer outro é simplesmente uma variação do roubo. Entende o que estou dizendo?
(...)
- Quando você mata um homem, está roubando uma vida - disse baba. - Está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça. Entende?"

***

do trecho de uma carta:
"Mas espero que pense bem nisso: um homem que não tem consciência, que não tem bondade, não sofre."

***

sobre uma criança magoada por uma promessa quebrada:
"É assim que as crianças lidam com o terror. Adormecem."

[me identifiquei, porque era justamente isso que eu fazia...]

2 comentários:

Vento disse...

eu teria sublinado quase tudo isso, de fato...principalmente a parte de não aprender nada que preste com os barbudos...


agora fiquei com vontade de ler o livro...

.ana disse...

claro, às ordens!
=D