quarta-feira, 30 de abril de 2008

.enquanto me falta criatividade...

...eu posto textos alheios aqui! =D
até porque não to lendo nada essa semana, além dos meus antigos gibis e livros de nutrição em geral...




* pobre amor *

[gosto muito do jeito que essas meninas expõem suas idéias... esse aí é meio "Eduardo e Mônica"...]

segunda-feira, 28 de abril de 2008

.é por aí...

Tiraram as idéas da minha cabeça e as palavras da minha boca >> !!!!!!!!
Eu não escreveria melhor, certamente...

[leiam... vale boas risadas...]

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sexta-feira, 25 de abril de 2008

.em branco, preto e vermelho [3]

É...
Passando vistas grossas sobre Liesel, qualquer um diria que ela é uma grande ladra. Mas que nada. De livros, tudo bem. Mas de maçãs... nem tanto. [a situação às vezes forçava a alguns atos desse tipo.]
Mais
um trechinho do livro... entre um roubo e outro...


Uma breve descrição:
Rudy e Liesel, após roubarem um pomar, se entupiram de maçãs. Tanto que ela passou a noite vomitando. Mas valeu a pena. Ah, valeu sim. Há quanto tempo o estômago dela não recebia tanta fartura?
Era uma época muito difícil, comida escassa. Qualquer coisa que possa parecer banal aos nossos olhos, pra eles era um presente inestimável.
E balas, então? Qual criança não gosta?
E é aí que me refiro...



"A LOJISTA ARIANA
.
Pararam do lado de fora da loja de Frau Diller, encostados na parede caiada.
Havia um pedaço de bala na boca de Liesel.
O sol batia em seus olhos.
Apesar dessas dificuldades, ela ainda conseguiu falar e discutir.
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- OUTRA CONVERSA -
ENTRE RUDY E LIESEL
- Ande logo, Saumensch
, já foram dez.
- Não foram, foram só oito, ainda tenho mais duas.
- Bom, então ande depressa. Eu disse que a gente devia ter pegado uma faca e cortado ela ao meio... Ande, já foram duas.
- Está bem. Tome. E não engula.
- Eu lhe pareço um idiota?
[Uma pequena pausa]
- É o máximo, não é?
- Com certeza,
Saumensch.
.
No fim de agosto e do verão, eles acharam um fênigue no chão. Pura empolgação.
Estava caído na terra, meio estragado, no trajeto da roupa para lavar e passar. Uma moeda solitária e corroída.
- Olhe só pra isso!
Rudy a arrebatou. A animação chegou quase a espetar, enquanto os dois voltaram correndo para a loja de Frau Diller, sem sequer considerar que um único fênigue talvez não fosse o preço certo. Irromperam porta adentro e pararam diante da lojista ariana, que os olhou com desdém.
- Estou esperando – disse ela. Usava o cabelo preso para trás e um vestido preto que lhe sufocava o corpo. A foto emoldurada do Führer vigiava a parede.
- Heil Hitler – fez Rudy.
- Heil Hitler – ela respondeu, empertigando-se mais, atrás do balcão. – E você? – disse, lançando um olhar furioso para Liesel, que lhe ofereceu prontamente seu “heil Hitler”.
Rudy não demorou a tirar a moeda do bolso e colocá-la com firmeza no balcão. Olhou diretamente para os olhos de Frau Diller, cobertos pelos óculos, e disse:
- Balas mistas, por favor.
Frau Diller sorriu. Seus dentes se acotovelaram para arranjar espaço na boca, e sua gentileza inesperada fez com que Rudy e Liesel também sorrissem. Por pouco tempo.
Ela se inclinou, procurou alguma coisa e reergueu o corpo.
- Pronto – disse, jogando uma única bala no balcão. – Misture você.
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Do lado de fora, eles a desembrulharam e tentaram parti-la ao meio com os dentes, mas o açúcar estava duro feito vidro. Duro demais, até para as presas animalescas de Rudy. Em vez disso, tiveram que alternar chupadelas até a bala acabar. Dez chupadelas para Rudy. Dez para Liesel. Para lá e para cá.
- Isso é que é boa vida – anunciou Rudy, a horas tantas, com um sorriso de apreciador de doces – e Liesel não discordou. Quando terminaram, os dois tinham um tom vermelho exagerado na boca e, ao caminharem para casa, lembraram um ao outro de ficar de olho aberto, para o caso de acharem mais uma moeda.
Naturalmente, não acharam nada. Não se pode ter uma sorte dessas duas vezes num ano, que dirá numa única tarde.
Mesmo assim, de línguas e dentes vermelhos, os dois desceram a Rua Himmel, vasculhando alegremente o chão na passagem.
Tinha sido um dia genial, e a Alemanha nazista era um lugar maravilhoso.”

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e agora chega, senão vou estragar a leitura alheia. =D

quarta-feira, 23 de abril de 2008

.em branco, preto e vermelho [2]

porque as metáforas muito me agradam...
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Uma breve descrição:
Liesel voltando de um dia péssimo de aula. Devido à dificuldade de leitura, passou uma vergonha enorme na frente dos colegas [bando de fdp] - de tão nervosa nem leu: recitou trechos decorados do primeiro livro que roubara, no dia da morte do irmão. E ainda recebeu uma Watschen [um castigo nada suave...] da professora.
E assim ela foi para casa:
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"No fim do dia de aulas, Liesel voltou para casa com Rudy e os outros filhos dos Steiner. Quando se aproximava da Rua Himmel, numa precipitação de idéias, uma culminação de sofrimentos tomou conta dela - o recital falho do Manual do Coveiro, a demolição de sua família, seus pesadelos, a humilhação do dia - , e Liesel se agachou na sarjeta e chorou. Tudo levava àquilo.
Rudy ficou parado junto dela.
Começou a chover, uma chuva muito forte.
Kurt Steiner chamou, mas nenhum dos dois se mexeu. Uma estava sofridamente sentada, em meio às bateladas de chuva que caíam, e o outro se postava de pé a seu lado, esperando.
- Por que ele tinha que morrer? - perguntou Liesel, mas Rudy não fez nada, não disse nada.
Quando ela enfim terminou e se levantou, o menino pôs o braço em seus ombros, no estilo melhor amigo, e os dois seguiram caminho. Não houve pedidos de beijos. Nada disso. Você pode gostar do Rudy por isso, se quiser.
Só não me dê pontapés nos ovos.
Foi o que ele pensou, mas não o disse a Liesel. Só quase quatro anos depois foi que lhe ofereceu essa informação.
Por ora, Rudy e Liesel caminharam para a Rua Himmel embaixo de chuva.
Ele era o maluco que se pintara de preto e derrotara o mundo inteiro.
Ela era a roubadora de livros que não tinha palavras.
Mas, acredite, as palavras estavam a caminho e, quando chegassem, Liesel as seguraria nas mãos feito nuvens, e as torceria feito chuva."
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quarta-feira, 16 de abril de 2008

.interrompendo o assunto...

... como coisas escritas com o coração muito me agradam, hoje recomendo ler s a u d a d e , do meu querido amigo Luiz.


e só por hoje.
[aliás, já é muito pra esse pós feriadão enlouquecedor...]

.em branco, preto e vermelho

não é qualquer coisa e/ou pessoa que me conquista de uma hora pra outra.
rápido, num piscar de olhos, sem nem eu mesma perceber... tipo instantâneo [3 minutos e tá pronto!].
não, não...
não é assim que funciona.
há de se fazer um esforço para conseguir isso.

mas tem exceções.
raras, por sinal.
quando bati os olhos no "A menina que roubava livros" pensei comigo mesma: "manhê, eu quero!" [tipo criança azucrinando em supermercado].
levou uns dias, mas comprei.

a primeira coisa que me conquistou: a capa. linda... fria e simples [como eu mesma gosto de ser].
em seguida: a contracapa. quase vazia, com uma só frase escrita em vermelho: "Quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler." [ok, ok... frase de impacto... mas temos de convir que é muito boa.]
depois, o assunto do livro... o prólogo... enfim, tudo.

eu ando meio sem tempo para ler, mas 1/3 já se foi...
é denso demais, com muitos termos em alemão e cheio de metáforas... e o autor [Markus Zusak] tem um estilo bem diferente do convencional.
aliás, bom que seja assim.

...

um pedacinho do resumo:

"ENTRE 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a Própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história. História que, nas palavras dirigidas ao leitor pela ceifadora de almas no início de A menina que roubava livros, "é uma dentre a pequena legião que carrego, cada qual extraordinária por si só. Cada qual uma tentativa - uma tentativa que é um salto gigantesco - de me provar que você e a sua existência humana valem a pena."
.
Essa mesma conclusão nunca foi fácil para Liesel. Desde o início de sua vida na rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade desenxabida próxima a Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido de sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona-de-casa rabugenta. Ao entrar na nova casa, trazia escondido na mala um livro, O Manual do Coveiro. Num momento de distração, orapaz que enterrara seu irmão o deixara cair na neve. Foi o primeiro dos vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes.
.
E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte. O gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito."(...)

...

[em breve, mais...]

terça-feira, 15 de abril de 2008

.a versão em español

Eu queria ter postado isso aqui antes, só porque acho que em espanhol fica muito melhor...



XVII
.
No te amo como si fueras rosa de sal,topacio
o flecha de claveles que propagan el fuego,
te amo como se aman ciertas cosas oscuras,
secretamente, entre la sombra y el alma.
.
Te amo como la planta que no florece y lleva
dentro de sí, escondida, la luz de aquellas flores,
y gracias a tu amor vive oscuro en mi cuerpo
el apretado aroma que ascendió de la tierra.
.
Te amo sin saber cómo, ni cuándo, ni de dónde,
te amo directamente sin problemas ni orgullo:
así te amo porque no sé amar de otra manera,
.
sino así de este modo en que no soy ni eres,
tan cerca que tu mano sobre mi pecho es mía,
tan cerca que se cierran tus ojos con mi sueño.

.

[e por que será que certas coisas são tão difíceis???

vida, vida, louca vida...]

domingo, 13 de abril de 2008

.e ele voltou para casa

Sim, meus cem sonetos... quando eu achava que nunca mais ia ver, quando eu menos esperava... vieram para as minhas mãos novamente.
[obrigada, Talocooo]

E a página 23...

XVII
.
NÃO TE AMO como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.
.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.
.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente, sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
.
senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
.
[Pablo Neruda]

sexta-feira, 11 de abril de 2008

.e só para constar...

... eu queria dizer que o post do dia 20 de março caberia muito bem aqui, agora, já...

excesso de ponto-e-vírgula me cansa.
o ponto final é muito mais minha cara. afinal, eu sou uma mula [convicta] mesmo.

.ao fim de tudo

essa é a última crônica daquele livro que vou postar aqui.
[já to de brinquedo novo, *olhos brilhando*, logo virão outras coisas... bem diferentes.]



Interrompendo as buscas

Assistindo ao ótimo Closer - Perto demais, me veio à lembrança um poema chamado "Salvação", de Nei Duclós, que tem um verso bonito que diz: "Nenhuma pessoa é lugar de repouso." Volta e meia esse verso me persegue, e ele caiu como uma luva para a história que eu acompanhava dentro do cinema, em que quatro pessoas relacionam-se entre si e nunca se dão por satisfeitas, seguindo sempre em busca de algo que não sabem exatamente o que é. Não há interação com outros personagens ou com as questões banais da vida. É uma egotrip que não permite avanço, que não encontra uma saída - o que é irônico, pois o maior medo dos quatro é justamente a paralisia, precisam estar sempre em movimento. Eles certamente assinariam embaixo: nenhuma pessoa é lugar de repouso.
.
Apesar dos diálogos divertidos, é um filme triste. Seco. Uma mirada microscópica sobre o que o terceiro milênio tem a nos oferecer: um amplo leque de opções sexuais e descompromisso total com a eternidade - nada foi feito para durar. Quem não estiver feliz, é só fazer a mala, sair e bater a porta. Relações mais honestas, mais práticas e mais excitantes. Deveria parecer o paraíso, mas o fato é que saímos do cinema com um gosto amargo na boca
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Com o tempo nos tornamos pessoas maduras, aprendemos a lidar com as nossas perdas e já não temos tantas ilusões. Sabemos que não iremos encontrar uma pessoa que, sozinha, consiga corresponder a 100% de nossas expectativas - sexuais, afetivas e intelectuais. Os que não se conformam com isso adotam o rodízio e aproveitam a vida. Que bom, que maravilha, então deveriam sofrer menos, não? O problema é que ninguém é tão maduro a ponto de abrir mão do que lhe restou de inocência. Ainda dói trocar o romantismo pelo ceticismo, ainda guardamos resquícios dos contos de fada. Mesmo a vida lá fora flertando descaradamente conosco, nos seduzindo com propostas tipo "leve dois, pague um", também nos parece tentadora a idéia de contrariar o verso de Duclós e encontrar alguém que acalme nossa histeria e nos faça interromper as buscas.
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Não há nada de errado em curtir a mansidão de um relacionamento que já não é apaixonante, mas que oferece em troca a benção da intimidade e do silêncio compartilhado, sem ninguém mais precisar se preocupar em mentir ou dizer a verdade. Quando se está há muitos anos com a mesma pessoa, há grande chance de ela conhecer bem você, já não é preciso ficar explicando a todo instante suas contradições, motivos, desejos. Economiza-se muito em palavras, os gestos falam por si. Quer coisa melhor do que poder ficar quieto ao lado de alguém, sem que nenhum dos dois se atrapalhe com isso?
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Longas relações conseguem atravessar a fronteira do estranhamento, um vira pátio do outro. Amizade com sexo também é um jeito legítimo de se relacionar, mesmo não sendo bem encarado pelos caçadores de emoções. Não é pela ansiedade que se mede a grandeza de um sentimento. Sentar, ambos, de frente para a lua, havendo lua, ou de frente pra chuva, havendo chuva, e juntos fazerem um brinde com as taças, contenham elas vinho ou café, a isso se chama trégua. Uma relação calma entre duas pessoas que, sem se preocuparem em ser modernas ou eternas, fizeram uma da outra seu lugar de repouso. Preguiça de voltar à ativa? Muitas vezes é. Mas também, vá saber, pode ser amor.
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[m.m.]
...



e falando no Closer, que por sinal eu também adorei... lembrei da música... linda...
http://www.youtube.com/watch?v=UHPTHP4dihA

[só não coloquei o vídeo aqui porque meu blog tá pirando hoje... mas enfim... vale olhar ali mesmo...]


segunda-feira, 7 de abril de 2008

.é + ou - assim que funciona...

A fórceps
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Recebo o e-mail de uma amiga contando que, mesmo não tendo tempo para mais nada, voltou para as aulas de dança, que está fazendo à noite. Diz ela: "Tem coisas que devemos abrir espaço a fórceps, ou corremos o risco de serem extinguidas de nossas vidas."
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Fórceps todos sabem o que é. Um instrumento que, em obstetrícia, serve para extrair o bebê do útero, nos casos em que ele já está ali na portinha pra sair, mas não sai. Falando assim, parece uma coisa agressiva, mas não é. É um help. Se a natureza não está ajudando, o fórceps vai lá e puxa o bebê pra vida.
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Pois é assim que estamos levando os dias: a fórceps. Se existe uma coisa que não se dilata espontaneamente é o tempo, ao contrário, está cada vez mais apertado, então a gente tem que tratar de extrair tudo o que a gente quer da vida na marra mesmo. Forçando um pouco.
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E lá vamos nós pra noite, mesmo com medo da própria sombra. Vamos jantar, vamos ao cinema, vamos ao bar, vamos à casa de amigos, vamos cantarolando dentro do carro e com os vidros bem fechados, vamos despistando as neuras e tentando estacionar bem longe das estatísticas estampadas nas páginas policiais.
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E a gente promete nunca mais telefonar para quem nos faz sofrer, mas acaba telefonando, e ele atende, e implica, e a gente some, e ele chama, e a gente volta, e briga, e ama, e sofre, e ama, e ama, e ama, e desama, e termina, e quando parece que cansamos, que não há mais espaço para um novo amor, outro aparece, outro parto, começa tudo de novo, aquele ata-e-desata, o coração da gente sendo puxado pra fora.
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E a gente faz mágica: vive 32 horas por dia, oito dias por semana, 14 meses por ano - e com um salário microscópico. Fazemos a volta ao mundo com meio tanque de gasolina, dormimos seis horas por noite, sonhamos acordados o tempo inteiro. Bebemos um drinque com as amigas e voltamos para casa sóbrias, entramos no quarto das crianças sem acordá-las, um pássaro não seria mais leve. Lemos todos os livros do mundo nos intervalos da novela, paramos dois segundos para olhar o pôr-do-sol pela janela, telefonamos para nossa mãe ao mesmo tempo em que respondemos o e-mail de um cliente, e se alguém sorri para nós, a gente se aproxima, se arrisca e renasce nessas chances de vida. Porque senão é da casa pro trabalho e do trabalho pra casa, deixando o tempo agir sozinho, esperando dilatações espontâneas. E, como elas não acontecem, permanecemos paralisadas na vidinha mesma de sempre, lamentando o fim das nossas aulas de dança.
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[m.m.]
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Eu tinha programado outra postagem pra hoje, mas algumas coisas me fizeram mudar de idéia.
[não que isso tenha sido ruim... mas foi a fórceps, com certeza.]

quarta-feira, 2 de abril de 2008

.mas como eu ia dizendo...

... bem, a poesia foi uma pequena pausa no meu blog.
[um, dois... voltando à realidade]
Eu tenho mais um montão de crônicas daquele livro da Martha pra colocar aqui. A dificuldade em escolher continua, mas essa aqui é algo de muito especial:


Todo o resto
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"Existe o certo, o errado e todo o resto." Esta é uma frase dita pelo ator Daniel Oliveira representando Cazuza, em conversa com o pai, numa cena que, a meu ver, resume o espírito do filme que esteve em cartaz até pouco tempo. Aliás, resume a vida.
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Certo e errado são convenções que se confirmam com meia dúzia de atitudes. Certo é ser gentil, respeitar os mais velhos, seguir uma dieta balanceada, dormir oito horas por dia, lembrar dos aniversários, trabalhar, estudar, casar e ter filhos, certo é morrer bem velho e com o dever cumprido. Errado é dar calote, repetir o ano, beber demais, fumar, se drogar, não programar um futuro decente, dar saltos sem rede. Todo mundo de acordo?
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Todo mundo teoricamente de acordo, porém a vida não é feita de teorias. E o resto? E tudo aquilo que a gente mal consegue verbalizar, de tão intenso? Desejos, impulsos, fantasias, emoções. Ora, meia dúzia de normas preestabelecidas não dão conta do recado. Impossível enquadrar o que lateja, o que arde, o que grita dentro de nós.
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Somos maduros e ao mesmo tempo infantis, por trás do nosso autocontrole há um desespero infernal. Possuímos uma criatividade insuspeita: inventamos músicas, amores e problemas, e somos curiosos, queremos espiar pelo buraco da fechadura do mundo para descobrir o que não nos contaram. Todo o resto.
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O amor é certo, o ódio é errado, e o resto é uma montanha de outros sentimentos, uma solidão gigantesca, muita confusão, desassossego, saudades cortantes, necessidade de afeto e urgências sexuais que não se adaptam às regras do bom comportamento. Há bilhetes guardados no fundo das gavetas que contariam outra versão da nossa história, caso viessem a público.
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Todo o resto é o que nos assombra: as escolhas não feitas, os beijos não dados, as decisões não tomadas, os mandamentos que não obedecemos, ou que obedecemos bem demais - a troco de que fomos tão bonzinhos?
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Há o certo, o errado e aquilo que nos dá medo, que nos atrai, que nos sufoca, que nos entorpece. O certo é ser magro, bonito, rico, educado, o errado é ser gordo, feio, pobre e analfabeto, e o resto nada tem a ver com esses reducionismos: é nossa fome por idéias novas, é nosso rosto que se transforma com o tempo, são nossas cicatrizes de estimação, nossos erros e desilusões.
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Todo o resto é muito mais vasto. É nossa porra-louquice, nossa ausência de certezas, nossos silêncios inquisidores, a pureza e a inocência que se mantêm vivas dentro de nós mas ninguém percebe, só porque crescemos. A maturidade é um álibi frágil. Seguimos com uma alma de criança que finge saber direitinho tudo o que deve ser feito, mas que no fundo entende muito pouco sobre as engrenagens do mundo. Todo o resto é tudo que ninguém aplaude e ninguém vaia, porque ninguém vê.
...
.
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Hoje li uma frase do Nietzsche que questiona: "Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda a eternidade?"
Fiquei pensando... cheguei à conclusão que não sei. Acho que o que mais to vivendo é todo o resto. E eu ainda tenho muitas arestas pra aparar...

terça-feira, 1 de abril de 2008

.só porque deu saudade...

...resolvi postar um dos meus poemas preferidos do Neruda.
[fazia tempo que não colocava algo dele aqui...]


FAREWELL
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1
DESDE el fondo de ti, y arrodillado,
un niño triste, como yo, nos mira.
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Por esa vida que arderá en sus venas
tendrían que amarrarse nuestras vidas.
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Por esas manos, hijas de tus manos,
tendrían que matar las manos mías.
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Por sus ojos abiertos en la tierra
veré en los tuyos lágrimas un día.
.
2
Yo no lo quiero, Amada.
.
Para que nada nos amarre
que no nos una nada.
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Ni la palabra que aromó tu boca,
ni lo que no dijeron las palabras.
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Ni la fiesta de amor que no tuvimos,
ni tus sollozos junto a la ventana.
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3
(Amo el amor de los marineros
que besan y se van.
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Dejan una promesa.
No vuelven nunca más.
.
En cada puerto uns mujer espera:
los marineros besan y se van.
.
Una noche se acuestan con la muerte
en el lecho del mar.
.
4
Amo el amor que se reparte
en besos, lecho y pan.
.
Amor que puede ser eterno
y puede ser fugaz.
.
Amor que quiere libertarse
para volver a amar.
.
Amor divinizado que se acerca
Amor divinizado que se va.)
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5
Ya no se encatarán mis ojos en tus ojos,
ya no se endulzará junto a ti mi dolor.
.
Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada
y hacia donde camines llevarás mi dolor.
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Fui tuyo, fuiste mía. Qué más? Juntos hicimos
un recordo en la ruta donde el amor pasó.
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Fui tuyo, fuiste mía. Tú serás del que te ame,
del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo.
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Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No sé hacia dónde voy.
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... Desde tu corazón me dice adiós un niño.
Y yo le digo adiós.
...
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[Pablo Neruda nasceu no Chile em 1904 e faleceu em 1973. Esse poema foi retirado do Crepusculário, primeiro livro escrito por ele, quando tinha entre dezesseis e dezenove anos.]
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