sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

.em qualquer campo de trigo

"E quanto a mim? Eu continuo acreditando em paraíso.
Mas pelo menos sei que não é um lugar que possa procurar. Porque não é para onde vai, é como se sente por um instante na sua vida enquanto é parte de alguma coisa.
E se achar esse momento, ele pode durar para sempre."


[desconheço o autor.]



.e para ouvir hoje [porque eu gosto mas não vou no show, dentre outros por quês...]:



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[ps: olhando rapidamente o tráfego de visitas do blog, me deparei com um dos maiores desocupados de todos os tempos: em 84 minutos e 54 segundos olhou meu blog 141 vezes. 0.O - vocês sabem que chamar meus visitantes de desocupados é uma brincadeira, né?... eu mesma me considero desocupada quando perco tempo postando aqui. mas esse ali foi o recorde dos recordes. deve ter gostado. que bom. volte sempre. :)]

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domingo, 24 de janeiro de 2010

.história interrompida


"Ele era triste e alto. Jamais falava comigo que não desse a entender que seu maior defeito consistia na sua tendência para a destruição. E por isso, dizia, alisando os cabelos negros como quem alisa o pêlo macio e quente de um gatinho, por isso é que sua vida se resumia num monte de cacos: uns brilhantes, outros baços, uns alegres, outros como um "pedaço de hora perdida", sem significação, uns vermelhos e completos, outros brancos, mas já espedaçados.

Eu, na verdade, não sabia o que retrucar e lamentava não ter um gesto de reserva, como o seu de alisar o cabelo, para sair da confusão. No entanto, para quem leu um pouco e pensou bastante nas noites de insônia, é relativamente fácil dizer qualquer coisa que pareça profunda. Eu lhe respondia que mesmo destruindo ele construía: pelos menos esse monte de cacos para onde olhar e de que falar. Perfeitamente absurdo. Ele, sem dúvida, também o achava, porque não respondia. Ficava muito triste, a olhar para o chão e a alisar seu gatinho morno."

[clarice lispector - a bela e a fera, 1979.]
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.barulhinho que vem lá da sala pra me pertubar hoje [mas eu adoro]:

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

.das palavras

.hoje aproveito meu espaço pra divulgar o blog da tati [visitem, visitem!]. eu simplesmente adoro o que ela escreve e vou me permitir copiar alguns trechinhos... porque às vezes eles me caem muito bem. e eu admiro muito quem consegue escrever através de metáforas sem perder a sutileza das palavras.


"Eu me seguro nas pontas dos dedos, mas continuo de pé.

Eu sei que o mar não vai curar. Eu sei que as noites agitadas, iluminadas e cheias de riso não vão curar. Eu sei que as ruas, as praças e vários outros lugares vão ser sempre cheios de marcas. Que alguns lugares podem carregar espinhos que ferem exatamente as cicatrizes mais profundas. Que os sonhos vão carregar as coisas pra perto de mim de novo, tudo que eu afasto da minha mente para não pensar, porque dói e faz um corte tão profundo, que nessas horas meu respiro é fraco e a minha garganta seca. Eu fico pensando naquela frase "não vai passar, mas vai melhorar" e eu sei que é sempre assim. A dor às vezes não precisa de chuva pra latejar tanto, ela só vem e dorme agarrada na gente e nem água pode fazer ela sumir. Mas eu sei que logo venta e ela poderá adormecer longe de mim."

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"narciso;

Meus olhos já tem calos para essas tuas mentiras tolas, nessa tentativa escassa de tentar passar o tempo e a vida. Vive a vida, vive! É o máximo que posso te dizer. Mas vive com a coragem de quem anda sobre o fio da navalha. Com quem tem coragem de manter o peito aberto. Já era tempo de abrires os olhos para o resto do mundo, antes de escondê-los sempre pra dentro do teu peito, tão cheio de afetos emoldurados em vidros quebrados. Poesia só me faz sentido se é feita por quem vive, definhando, amando, vibrando, por quem sente e não chora escondido no colo do pai. Não vale nada pra quem anda de sapatos amarrados, com a corda no pescoço no meio do salão. Grita que tu gritas pra ti mesmo e só a ti queres ouvir. Já cansei tanto de ter tuas palavras que me calo por ti."

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"Confesso (2).

Estou cansada desse ritual social, de todas essas conversas que se desenrolam do mesmo jeito sempre, nas mesas dos mesmos bares, no meio do mesmo círculo de pessoas, que talvez mude uma ou duas, mas saem as mesmas histórias, as mesmas conversas, os mesmos assuntos. Qualquer assunto que há entre todos uma certa ligação, mas na verdade estão todos tão distantes de qualquer coisa que se sinta dentro do peito. Risos tão altos e tão condicionados por esse ritual todo.
Estou cansada dessa importância toda ao círculo e a diversão que podem sucumbir uma relação próxima. De ter como desculpa sempre uma falta de consciência.
Estou sem paciência com metade do mundo e talvez isso seja só uma necessidade urgente de paz."

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[e repito: os créditos são todos dela ]

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e um barulhinho bom pra hoje:

sábado, 16 de janeiro de 2010

.bilhete


"Quando você se sentir sozinho pegue o seu lápis e escreva: no degrau de uma escada, à beira de uma janela, no chão do seu quarto. Escreva no ar, com o dedo na água, na parede que separa o olhar vazio do outro. Recolha a lágrima a tempo, antes que ela atravesse o sorriso e vá pingar pelo queixo. E quando a ponta dos dedos estiverem úmidas, pegue as palavras que lhe fizeram companhia e comece a lavar o escuro da noite, tanto, tanto, tanto... até que amanheça."
[rita apoena.]
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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

.memórias


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eu ainda lembro daquelas tardes em que o sol batia na sala de casa, e eu sentava na escadaria apenas para olhar. os reflexos do vidro amarelado faziam a luz ficar imensamente mais intensa e eu, criança, sentia uma nostalgia sem explicação. [ainda posso sentir ao escrever essas palavras.]

.lembro com saudade de sorrisos e abraços sinceros. dos cafés da manhã, almoços e jantas, onde todo mundo se reunia. onde a vida simplesmente fluía. onde problemas não sufocavam, apenas serviam de alicerce para subir um degrau a mais.
.ainda recordo das viagens à praia, esperava o ano inteiro por isso. talvez fossem os dias mais felizes, aqueles com sol forte e muitas ondas no mar azul e límpido daquela praia. e, sempre ao voltar para casa, um pouco dele vinha comigo. tenho todas aquelas conchas guardadas até hoje, no balde vermelho que fez parte da minha infância em quase todas brincadeiras de verão.
.lembro das amizades, dos banhos de chuva, de brincadeiras escondidas, da tranquilidade da época de escola.
.e essas palavras simplesmente transbordam hoje, porque boa parte da minha infância ainda vive aqui dentro. são recordações que vem e vão, me fazem melancólica e ao mesmo tempo feliz. e é apenas isso que eu ainda quero: felicidade. mas não vou buscá-la, porque ela é consequência. simplesmente deixarei que venha com a paz de espírito que preciso. e com a sinceridade de quem conseguir andar ao meu lado.

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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

.em pouco muito se diz

"As coisas que amamos,
as pessoas que amamos,
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder de respirar a eternidade.
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra maneira se tornam absolutas
numa outra (maior) realidade.
Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar."


.drummond

[pra começar uma semana com mais leveza.]

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ah: a fernanda [dois posts abaixo] ainda procura um lar. ela está super bem, crescendo e se desenvolvendo direitinho. e é muito querida e educadinha. :)

domingo, 10 de janeiro de 2010

.uma música, uma imagem que fala por si e um dito...

[...com tudo ou nada em comum.]






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[de boas intenções o inferno está cheio. - e como.]

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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

.retornando de coração [mais] cheio


.e no primeiro dia do ano, ela cruzou o nosso caminho. nos trouxe um novo sentido e mais vida à vida. essa coisa pequeninha e toda doentinha que eu não podia deixar de acudir e tratar com muito carinho. porque dentro do meu peito há um coração, e não uma pedra de gelo. bem que eu tentei conseguir um lar pra ela por lá mesmo, na praia [pois, de momento, não posso ter mais um], pedindo ajuda de porta em porta. caminhando com as lágrimas escorrendo por trás dos óculos, completamente sem vergonha de parecer idiota por chorar na frente de desconhecidos [eu sou sim uma manteiga derretida pra essas coisas]. mas não consegui ninguém que pudesse cuidá-la.
.e agora ela está com a gente. e ouvi críticas por trazê-la mas, quer saber? não me importo. eu continuo seguindo minhas convicções. e quis o destino que, depois do abandono, ela caísse em nossas mãos. fico muito feliz por ter outras pessoas me ajudando nessa. estamos fazendo o possível para que ela fique bem, tratando todos os problemas que vieram com ela. pra rua ela não volta mais. e, muito em breve, terá um lar definitivo, com todo cuidado e amor que merece. que qualquer ser vivo merece.
:)



[muita vida nova pra 2010!]