sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

.das palavras ditas [e não ditas]


[aí está uma coisa que me incomoda: há ocasiões em que, se não tem plena convicção do que vai dizer, é melhor calar. as palavras tem muito poder...]


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.não consegui parar de ouvir muse a semana inteira:

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

.aos pedaços

[e são esses pedacinhos, unidos meio tortos, meio mal colados, meio às avessas - por vezes - que fazem a gente ser o que é: um inteiro, retalhado.]



.créditos da imagem: frases ilustradas

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.pra ouvir hoje: muse [amo!]. isso vicia...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

.pequenas [mas valiosas] lições

.aproveitando meu ócio em meio a espirros, e antes que a quarta-feira com cara de segunda chegue me esmagando, mais uma vez coloco aqui um texto retirado de outro blog*. esse veio do redatoras de merda [mas que nada, elas são ótimas! visitem!]. pequenas lições que valem para todo mundo...


[*os textos que escrevo, 99% das vezes, ficam só pra mim. pouco vem pra cá. coisa de escorpião: a velha mania de se fechar. mas, deixando esse assunto de lado, segue o texto das meninas:]


"Você passa a vida inteira ouvindo tudo que deve fazer de correto, mas sem nenhuma explicação convincente, você mete os pés pelas mãos e deixa tudo em volta com pegadas de quem acabou de chegar de um dia lamacento. Pois bem, tente aprender algumas lições enquanto você estiver respirando, porque facilita pra todo mundo e ainda mais pra você.

A primeira delas é sobre sua saúde. Todo mundo recomenda, todo mundo deseja, e talvez você deseje a si próprio, mas se entope de doces, não faz nem quinze minutos de caminhada por dia, bebe que nem um porco, fica sem ir ao dentista por oito anos. Só que um dia a conta chega. E você já ouviu dizer que aqui se faz, aqui se paga. Talvez em outro contexto, mas no final dá no mesmo. Muito justo se quem tivesse que pagar pelo que fez com seu corpinho fosse você e ninguém mais. Acontece que o ônus nem sempre é só seu. Entupindo suas artérias de torresmo e seus pulmões de nicotina, é bem provável que a conta sobre, injustamente, para mais alguém. E tudo porque a sua estupidez e o seu egoísmo natural não permitem que seu sofrimento seja só seu. Precisa ser da família inteira. Feio, né?

Não desfaça das pessoas que estão ao seu lado. Se elas estão ali é porque gostam de você. Para que então, ser grosseiro ou fazer uma brincadeira que só você acha graça? Seja gentil e preserve a educação básica. Se ainda não sabe como, compre um livro e aprenda o mais rápido possível. Não seja idiota. Não ridicularize sua namorada na frente dos seus amigos. Não diminua seu marido para suas amigas. Se você é um babaca por natureza, tente se esforçar para não atingir quem ainda tem consideração por você.

Pare de ser tão carente e querer esperar tanto do outro. Se ele ainda não aprendeu a fazer, depois de você já ter falado, ensinado, desenhado, gritado, esqueça. A receita da felicidade é essa e pode acreditar: jogue fora suas esperanças. Não espere que ele vá pedir você em casamento. Se isso acontecer, ótimo. Se não, bola pra frente. Mas não o culpe. A culpada é você de alimentar essa vontade.

Não burocratize o sexo. Não regule também. Se ele quer comer você duas vezes por dia, jogue suas mãos para o céu. Não é só sexo que ele quer. Ele quer dizer com o corpo todo que você é um mulherão. Não repreenda se pegar seu par se masturbando. E jamais pergunte se era você a imagem que servia de estímulo. Privacidade não se invade, por mais tentador que isso seja. Se ela não faz sexo oral em você, tente algumas coisas como cortar metade de seus pelos e tomar banho antes. Mas jamais empurre a cabeça de alguém na direção desejada.

Dê atenção às pessoas. Amigos, clientes, pai e mãe, pessoal do trabalho. Tente ser minimamente simpático. Mesmo que isso seja a coisa mais difícil para você. Resolva seus problemas de estima, insegurança, paranóia, mau humor. E se não consegue resolver não faça da pessoa do seu lado seu muro de lamentações. Tenha dó.

Não sufoque ninguém com suas angústias e pare de se sentir a vítima. Não faça chantagens, não guarde o erro do outro para ser usado numa ocasião que vai favorecer você. Não negocie sentimentos. Cobre menos. No fim, o que todo mundo quer é não ficar sozinho. Então por que diabos aprendem primeiro a sabotar tudo em volta? Ache a resposta e faça valer a classificação de adulto da qual você e eu precisamos fazer parte."


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sábado, 13 de fevereiro de 2010

.para distrair...

...crônica do carpinejar publicada na zero hora de ontem [e que também está no blog dele]. muito boa, como de costume.

.o maior sedutor

"O homem delira com as possibilidades de um protetor solar. Sonha ser abordado por uma desconhecida na praia. Ela deitada, sozinha e indefesa, com mínimas peças, implorando com voz rouca de tele-sexo:

– Por favor, não alcanço minhas costas, me ajuda?

Mas o mesmo garanhão não é capaz de atender ao pedido recém feito pela própria mulher. Não sustenta nenhuma fantasia com quem já dorme. Faz a contragosto, com desleixo e obrigação. Realmente envergonhado da tarefa diante dos amigos. Esfrega ao invés de passar. Como se o creme branco e cheiroso fosse um rosado e pegajoso caladryl.

– Calma, amor, senão me queimo.
– Queimado está meu filme.

Não serão os movimentos imaginados e circulares de esponja, mas gestos econômicos e rudes de lixa. Deseja se livrar da incômoda tarefa o quanto antes.

Macho acredita que seduz somente fora do casamento. Quando se fixa demoradamente numa jovem, quando pisca o olho a uma estranha, quando dá em cima de uma beldade, quando examina a bunda de uma gostosa. Confia que flertar e soltar indiretas são suficientes para garantir seu domínio territorial. Sua tese é parecer disponível em tempo integral, ainda que comprometido.

O conceito masculino é esquisito, feito de verdades parciais. Há sutilezas inacreditáveis em seu raciocínio. Não enxerga problema em pular a cerca desde que não visite a casa. Alega que não tem segundas intenções, mas troca sorrisos abobados com terceiras.

Suas desculpas mudam de acordo com o contexto.

Grande parte dos varões erra na arte da conquista. A falha é reforçar a caricatura, confundir ficha corrida com reputação, cair na cilada de provérbios populares como “fama de rico e comedor não se desmente”.

Carrego, portanto, a certeza de que o maior sedutor não é o malandro, não é o esperto, mas o monogâmico. O fiel. O que tem olhos apenas para sua a patroa.

Ele não pescará decotes mais profundos na vizinhança. Deslizará protetor em sua mulher, com calma oriental, comovido, o olfato sinceramente interessado. Acompanhará as mãos com o corpo. No fim, se aproximará dos ouvidos para sussurrar uma barbaridade. O arrepio feminino produzirá um maremoto de cangas nas proximidades.

Não precisa de mais nada para chamar atenção, toda a praia estará suspirando por ele. Abrirão uma comunidade no Orkut para homenageá-lo.

Nada mais ostensivo e perigoso do que um homem amando sua esposa.

Ninfetas, trintonas, lobas e septuagenárias vão se derreter por aquele barbado gentil e romântico. Vão concluir que ela é uma felizarda. Vão arrastar as pálpebras e tirar binóculos da bolsa para acompanhar detalhes de perto.

Diferente da piada, a fofoca nunca vem inteira, ocorre em capítulos:

– Meu Deus, ele puxa a cadeira.
– Repara como ele a acompanha nas caminhadas?
– Não desgruda um minuto da mão dela!
– Foi buscar água de coco. Não duvido que sirva café na cama.

A conclusão é que ele alcançou a glória, certo?

Não, ainda é uma decisão precipitada. O público feminino não se apaixona pelo homem, mas pela mulher do sujeito. Pretende estar em seu lugar. Ocupar sua posição. Desfrutar de igual admiração. O início do amor é sempre lésbico, depois é que pode ficar heterossexual.

Não custa avisar. Cuide de sua mulher antes que ela se interesse pela vida de outra esposa."

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

.assim eu sinto

.sensações estranhas tem me acompanhado no últimos dias. o certo, o errado, o querer, o deixar de querer... um vazio que precisa ser preenchido com alguma coisa que ainda não sei. um sentimento nadando contra a maré. uma dor por sentir algo morrendo. [é triste ver um sentimento esmorecer, não?]. não sei o que vai restar disso tudo. parece que anda faltando um pedaço, mas nem por isso me sinto triste. bem pelo contrário. há um monte de outras coisas arrancando meus sorrisos. a janela está aberta, basta eu entender porque a porta se fechou...


"Quando se deseja realmente dizer alguma coisa, as palavras são inúteis. Remexo o cérebro e elas vem, não raras, mas toneladas. Deixam sempre um gosto de poeira na boca - a poeira do que se tentava expressar, e elas dissolveram. Quanto mais palavras ocorrem para vestir uma ideia, mais essa ideia resiste a ser identificada. As sucessivas roupas sufocam a sua nudez. E todas as palavras são uma grande bolha de sabão, às vezes brihante, mas circundando o vazio."


[limite branco - de caio f. abreu]

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

.faz pensar...

"Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível."


.mahatma ghandi



[apesar da difícil definição de 'certo e errado' - muitas vezes, e sem "viajar" demais, isso faz sentido...]

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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

.e ela cai

"Dia de chuva. É para a gente rasgar cartas antigas... Folhear lentamente um livro de poemas... Não escrever nenhum."

[mário quintana]



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[o som da chuva e o silêncio bastam, por hoje.]

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

.constatando

[sinto-me no deserto, sendo que a qualquer momento pode ser que o spike* passe por aqui rolando numa bola de feno. ¬¬']



*pra quem não conhece, ele é o irmão do snoopy que vive no deserto. bolas de feno são o único meio de transporte viável que ele tem por lá.


[quase melhor que o próprio snoopy...]
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.para piorar o calor:

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

.perder a viagem

"Você pede ao patrão para sair mais cedo do trabalho, aí pega um ônibus lotado, vai para um consultório médico que fica no outro lado da cidade, gasta seus trocados, seu tempo e seu humor e, ao chegar, esbaforido e atrasado, descobre que sua hora, na verdade, está marcada para a semana que vem. Sinto muito, você perdeu a viagem.

Todo mundo já passou por uma situação assim, de estar no lugar errado e na hora errada por pura distração. Acontecendo só de vez em quando, tudo bem, vai pra conta dos vacilos comuns a qualquer mortal. O problema é quando você se sente perdendo a viagem todos os dias. Todinhos. É o caso daqueles que ainda não entenderam o que estão fazendo aqui.

Estão perdendo a viagem aqueles que não se comprometem com nada: nem com um ofício, nem com um relacionamento, nem com as próprias opiniões. Estão sempre flanando, flutuando, pousando em sentimento nenhum, brigando por ideia nenhuma, jamais se responsabilizando pelo que fazem, pois nada fazem. Respirar já é tarefa árdua e suficiente. E os dias passam, e eles passam, e nada fica registrado, nada que valha a pena lembrar.

Estão perdendo a viagem aqueles que, em vez de tratarem de viver, ficam patrulhando a existência alheia, decretando o que é certo e errado para os outros, não tolerando formas de vida que não sejam padronizadas, gastando suas bocas com fofocas e seus olhos, com voyeurismo, sem dedicar o mesmo empenho e tempo para si mesmos.

Estão perdendo a viagem aqueles preguiçosos que levam semanas até dar um telefonema, que levam meses até concluir a leitura de um livro, que levam anos até decidir procurar um amigo. Pessoas que acham tudo cansativo, que acreditam que tudo pode esperar, que todos lhe perdoarão a ausência e o descaso.

Estão perdendo a viagem aqueles que não sabem de onde vieram nem tentam descobrir. Que não sabem onde ir e nem tentam encontrar um caminho. Aqueles para quem a televisão pode tranquilamente substituir as emoções.

Estão perdendo a viagem todos aqueles que se entregam de mão beijada às garras afiadas do tédio."


[martha medeiros - retirado do livro "coisas da vida", pág. 21]


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[andei ouvindo...]