quinta-feira, 12 de junho de 2008

.[in]dependente dos motivos

normalmente quando eu posto alguma poesia, ou poema, ninguém comenta.
eu sei que as pessoas lêem, mas preferem não dizer nada.
talvez porque pouca gente goste. talvez porque não entendam p**** nenhuma. ou ainda porque fiquem imaginando o motivo que me fez colocar tal coisa aqui.
não sei.

o que eu acho é que falta 'poesia' na vida das pessoas.
falta romantismo, falta leveza, delicadeza.
falta sinceridade, falta respeito, consideração.
as coisas andam tão rápidas, prontas em 3 minutos, e sem sentimento algum... todo mundo com pressa, querendo tudo pra ontem. não se pode mais confiar em quase ninguém, muitas são as promessas falsas, e as intenções superficiais.
valores se perdendo, pencas de pessoas se tornando descartáveis. um vazio completo.
mas há exceções, eu sei.
e eu acho que é por isso que a gente ainda segue. ainda...

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fiquei em dúvida do que colocar aqui hoje.
tem os 5 motivos da rosa, lindos, da cecília meireles.
mas optei por dois poemas de fernando pessoa. adoro as obras dele [e seus vários pseudônimos]...

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TENHO TANTO SENTIMENTO

"Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar."


***

ANÁLISE

"Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo."

***

[e a música, aquela, continua...]

2 comentários:

Luiz Bocchese disse...

ola!
tenho sentidoa sua falta.
e olhando estes posts, vejo que os motivos são possivelmente semelhantes aos meus, quando também "desapareci".
teus escritos estão meio densos e percebo que, mesmo contra a vontade, estás a contrariar as regras impostas aos leitores.

que bom que gostaste do "15 minutos".
aquele escritinho é baseado em fatos mais que reais. foram 15 minutos exatos, contados no relógio. mas foram 15 minutos ótimos, cheios de encanto.

obrigado pela tua insistente freqüência nas Falácias & Fanfarronadas.
às vezes penso que escrevo somente para ti e para vi.
bejãos! e cuidado com Fernando Pessoa: as vezes acho que o "Poema em Linha Reta" é mais rel para todos nós do que imaginamos.

bejãos!!

.ana disse...

Obrigada, Luiz...
que bom te ver aqui!

é, escritos densos, para uma vida intensa...
mas sabe o bom dos poemas? a possibilidade de interpretar de maneira própria. o que a gente entende muitas vezes fica longe do que o poeta quis dizer.
e aí mora a graça da coisa.

e também tenho sentido falta de conversar contigo! mas certamente qualquer hora nos vemos por aí...