“Quanto mais recursos temos no campo da psicologia e dos novos conhecimentos sobre as relações humanas, mais inseguros estamos.
Quanto mais civilizados, menos naturais somos. Na época em que mais se fala em natureza estamos mais distantes dela. Ser natural passou a não ser natural.
(...)
Esquecemos o melhor mestre: o bom-senso. A escuta do que temos no nosso interior. Aquela coisa antiquada chamada intuição, lembram? Claro que para isso precisamos ter bom-senso e ter algo dentro de nós para ser escutado.
(...)
É que somos, além de aflitos, desorientados. Falta-nos o hábito de observar e de refletir. Preferimos evitar o espelho que faz olhar para dentro de nós. Cada vez mais amadurecemos tarde ou mal. Somos crianças tendo crianças.
Não gostamos de refletir e decidir: se a gente parar para pensar, tudo desmorona, me disse alguém. Temos receio de encontrar a ponta do fio dissimulada na confusão do novelo e, puxando por ela, ver tudo desmoronar.
Mas pode ser positivo: poderíamos recolher os cacos e recomeçar. Quem sabe criar uma estrutura interior mais natural e boa do que essa que fundamos, e baseados nela dar aos filhos um legado – e um recado – tranqüilo e positivo, que não está em livros nem em consultórios.
Ser natural está em grave crise.”
[Lya Luft – Perdas e Ganhos]
sem mais por hora...
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