texto publicado na Veja de 11 de julho de 2007 [pois é, já faz um ano... tava vendo umas revistas velhas e achei interessante].
pensei que só eu falasse em egoísmo com fundo altruísta. mas descobri que esse cara também acha que isso existe. sim, é um termo meio complicado mesmo, que achei que só eu usasse, embora sempre em outros assuntos.
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dentre outras coisas mais, concordo com quase tudo que ele diz...
O cérebro sexual
Stephen Kanitz
"Um dos melhores livros que li nos últimos anos foi A Mente Seletiva, de Geoffrey Miller, um especialista em psicologia e genética comportamental. Nunca escrevi algo polêmico aqui antes, porque assuntos polêmicos requerem um livro inteiro, não uma única página. Vou arriscar e abrir uma exceção. Ele começa apontando um segundo livro de Darwin que poucos lêem, A Origem do Homem, em que ele fala de seleção sexual. Mulheres selecionam homens, e vice-versa. A variação genômica não é só conseqüência do meio ambiente.
O melho exemplo é a plumagem do pavão, que o torna mais lento na hora de fugir dos seus predadores, mas é do que as fêmeas gostam, e por isso ele deixa mais descendentes quanto maior e mais bela for sua plumagem. Se você achava que Darwin e a "evolução" significam "a sobrevivência do mais forte", você foi ludibriado por alguém. Não podemos esquecer a seleção sexual que age para "a sobrevivência dos mais atraentes ao sexo oposto". Uma bela diferença.
Geoffrey Miller traz uma nova teoria sobre por que o cérebro humano é tão mais desenvolvido que o dos outros animais. Ele sugere que foram as mulheres que nos fizeram mais inteligentes. Até hoje, homens selecionam mulheres bonitas, mas mulheres selecionam homens inteligentes. Elas namoram mauricinhos, mas casam-se com o que chamam de "homem-cabeça".
Muitos homens já sabiam disso intuitivamente, basta responder a esta singela pergunta: "Para conquistar o amor de uma mulher você usaria prosa ou poesia?". Se respondeu que o amor se conquista com poesia, você é do time do Miller. Pela lógica, você deveria ter respondido "prosa". Prosa é mais amplo, você pode dizer absolutamente tudo. Poesia é limitante, especialmente se for rimada em versos alexandrinos. Tente rimar "seus lindos olhos azuis". Você só tem mais alguns segundos antes de ela sumir.
Só que Miller está certo: mulheres ficam fascinadas com homens que sabem escolher o ritmo das palavras, que selecionam um pequeno grupo estranho de termos, não aqueles que realmente descrevem seus sentimentos. Mulheres preferem um homem feio com senso de humor ao oposto.
Se a tese for comprovada, as conseqüências são múltiplas e devastadoras. O cérebro seria mais um órgão sexual que muitos homens usam descaradamente, mentindo, por exemplo. Isso explica o intelectual pavão, que utiliza o cérebro não na busca da verdade, mas para seduzir o sexo oposto.
(...)
Mais uma vez, nesta semana usei os ensinamentos de Miller ao ler uma crítica aos nossos políticos na Internet, por terem filhos fora do casamento, o que é uma grosseira generalização. Nossos políticos não são mulherengos, pelo menos não mais nem menos do que o resto da população. O problema é que mulherengos se tornam políticos por ter justamente os requisitos intelectuais necessários para seduzir o eleitor. Vide Bill Clinton, Mitterrand e Kennedy.
(...)
Se mulherengos escolhem propositadamente algumas profissões, em que possam usar seus privilegiados cérebros para conquistar mulheres, quais seriam elas? E, aí, como vamos separar o joio do trigo? (...) Miller responde a algo que sempre me intrigou: por que alguém com 1 milhão de dólares arrisca tudo para dobrar seu capital? O que estaria por trás de toda essa ganância da direita e dessa ânsia de poder da esquerda? A resposta dele para as perguntas: mulher. Por outro lado, aponte-me alguém que continue rico após o quarto casamento ou que atraia mulher em fim de mandato.
O que chamamos de egoísmo é no fundo altruísmo, um desejo de atrair o sexo oposto e compartilhar a vida com ele. Por isso, intelectual odeia rico, e vice-versa, e as mulheres adoram ambos. O trailer é esse, minha gente. Leiam o livro para tirar as próprias conclusões."
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Um comentário:
Interessante mesmo, Ana! Vou pensar sobre isso...e o livro parece ser muito bom também, né!
Me interessei :)
Beijão!
P.S.: eu também tive de tomar antibiótico e antiinflamatório durante 1 semana, sem contar as pomadinhas e sprays que não deixam a pele infeccionada :(
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