quinta-feira, 31 de julho de 2008

.música ao longe

"O amor que ainda não se definiu é como uma melodia do desenho incerto. Deixa o coração a um tempo alegre e perturbado e tem o encanto fugidio e misterioso de uma música ao longe..."
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[do poeta preferido da Clarissa]
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Acho que a frase define bem o livro. É uma história tão leve, tão boa de ler, mas ao mesmo tempo faz a gente pensar em tanta coisa. Gosto do jeito do Erico escrever: muitas idéias consistentes em períodos curtos.
A Clarissa do livro é uma menina de família tradicional em plena decadência. Tem um tio alcoólatra e outro viciado em cocaína. Vive numa casa onde só se falam em problemas. É apaixonada pelo primo Vasco [que vive vagabundeando por aí, e não quer nada com nada na vida].
Bem na foto a moça, né?
Mas o que eu estou achando melhor são os trechos do diário dela. Tão simples, objetivos e até ingênuos. Mas verdadeiros, sinceros. É onde ela derrama tudo o que sente e pensa, sem meias-palavras. Coisas mais ou menos assim:
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"Hoje no sermão o vigário falou muito em inferno. Vou escrever uma coisa que eu sinto que não devia pensar. Não posso acreditar muito no inferno. Segundo o Padre Silvestre o inferno é uma coisa horrível, nele só há fogo e diabos com aqueles garfos enormes cutucando nos pecadores. Quem vai para lá não sai mais e fica sofrendo por toda Eternidade. (Outra história que eu não compreendo é a Eternidade.) Agora eu pergunto: "Deus é bom, muito bom mesmo?" Eu mesma respondo: "Sim, Deus é muito bom." O outro eu torna a perguntar: "Se ele é bom, como é que pôde inventar um lugar tão ruim como o inferno?" Lembro-me de que o vigário disse que foi satanás quem inventou o inferno. Mas como é que um dia destes, falando na Criação, o mesmo padre disse que Deus tinha feito todas as coisas? Ora, se Deus é bom mesmo não pode mandar o pecador para o fogo eterno, por maior que seja o pecado. Por mais que eu pense e queira me convencer de que isto está certo, não consigo. A gente comete um pecado, às vezes sem querer ou sem saber que está comentendo, e lá vai para a caldeira do diabo. Não, não está direito.
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Mas eu não devia escrever estas idéias. São horríveis, são pecado e por causa delas posso ir parar no inferno. Mas é que não acredito muito no inferno. E se penso, devo escrever. Se não escrever, sou fingida e fingimento também é pecado. Pronto! A gente sempre está pecando, queira ou não queira. Eu devia ser mais religiosa; devia, mas não posso. (...) confesso que às vezes na igreja não consigo me convencer de que estou na casa de Deus. Não tenho culpa. É aquele cheiro, aquele zunzum, a voz desagradável do padre, tudo isso está me separando de Deus. Quando rezo no meu quarto e converso com Deus baixinho, me sinto mais à vontade, mais tranqüila. (...)
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Estou escrevendo muita coisa inconveniente. Preciso rasgar esta página e pedir perdão a Deus. Rasgo amanhã."
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[perfeito!]
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quarta-feira, 30 de julho de 2008

.en la casa de mi abuela

mas que coisa... hoje no almoço comentei com minha tia:
"roubei um livro teu, tá? do erico verissimo.." e ela: "sim, tudo bem. qual?" e eu: "música ao longe... mas não li Clarissa antes. tu acha que precisa?" e ela: "não, não tem necessidade."
- interrupção da minha vó -
"Clarissa era a filha dele. conheci ela no colégio. e conheci ele também. o erico verissimo ia às vezes lá..."
e eu: "ai, sério???" + cara de abobada³.
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minha vó é uma coisa de louco. querida, amada, atenciosa, dedicada, faz a melhor comida do mundo, não tem celulite [sim, pasmem... pena que eu não puxei a ela] e ainda por cima conheceu o erico e a clarissa. pode até não ser, mas achei isso tão legal...
ponto pra ti, vó.
[declaração de neta 'babona'...]


[encasquetei com títulos em español essa semana...]

terça-feira, 29 de julho de 2008

.por la ventana

"Quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela,
uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas,
e outros, finalmente,
que é preciso aprender a olhar,
para poder vê-las assim."

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[cecília meireles]
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[porque é necessário saber olhar.]
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segunda-feira, 28 de julho de 2008

.lunes

dia da preguiça.
fiquei pensando no que postar hoje... mas to sem inspiração.
tenho lido um livro bem legal: "música ao longe", do erico veríssimo. aliás, ótimo. mas não quero falar nada dele aqui agora.
o dia pede algo sucinto, simples e objetivo:
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[hahahahah... tá, que exagero. minha segunda até que foi divertida, mas não cabe contar aqui.]
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quinta-feira, 24 de julho de 2008

.perfeito assim...

"Falar é completamente fácil,
quando se têm palavras em mente
que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes
o que realmente queremos dizer,
o quanto queremos dizer,
antes que a pessoa se vá. "
..........

[carlos drummond de andrade]
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quarta-feira, 23 de julho de 2008

.simples...

...mas muito significativo.
não sei de quem é, mas li e gostei.
aliás, me identifiquei muito.


"... E aqueles que foram vistos dançando foram julgados por aqueles que não podiam ouvir a música..."
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terça-feira, 22 de julho de 2008

.futuro de uma delicadeza

[achei lindo isso...]
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“– Mamãe, vi um filhote de furacão, mas tão filhotinho ainda, tão pequeno ainda, que só fazia era rodar bem de leve umas três folhinhas na esquina...”
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[clarice lispector - do livro "para não esquecer"]
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segunda-feira, 21 de julho de 2008

."muy" espertinho...


[bela desculpa...]
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domingo, 20 de julho de 2008

.aos que eu escolhi estar ao meu lado

hoje, dia do amigo, dedico meu post a tudo o que há de mais sincero na minha vida: as minhas amizades.
de todos os tipos... desde as mais antigas e enraizadas, às mais novas, que eu cultivo com carinho.
saudade de quem está longe, vontade de estar com os que estão por aqui.
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respeito, carinho, companheirismo, sinceridade, fidelidade, compreensão...
características de pessoas que quero por perto, sempre.

[nossos amigos, nossos anjos.]
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sexta-feira, 18 de julho de 2008

.pela beleza da poesia

[trechinho - lindo - de um livro da clarice lispector - "a paixão segundo GH"]
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"Lembrei-me de ti, quando beijara teu rosto de homem, devagar, devagar beijara, e quando chegara o momento de beijar teus olhos - lembrei-me de que então eu havia sentido o sal na minha boca, e que o sal de lágrimas nos teus olhos era o meu amor por ti.
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Mas, o que mais me havia ligado em susto de amor, fora, no fundo do fundo do sal, tua substância insossa e inocente e infantil: ao meu beijo tua vida mais profundamente insípida me era dada, e beijar teu rosto era insosso e ocupado trabalho paciente de amor, era mulher tecendo um homem, assim como me havias tecido, neutro artesanato de vida."
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quinta-feira, 17 de julho de 2008

.ontem, hoje e amanhã

[novamente do "Pensamentos e Meditações", Kahlil Gibran]
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Eu disse ao meu amigo,
"Você a está vendo apoiando-se no braço dele?
Pois ontem ela se apoiava no meu braço."
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E ele completou:
"Amanhã, ela se apoiará no meu."
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E eu disse,
"Veja-a como se senta ao lado dele;
No entanto, ontem ela se sentou ao meu lado."
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E ele retrucou:
"Amanhã, ela sentará junto de mim."
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E eu disse:
"Está vendo como ela agora bebe na taça dele?
Ontem, contudo, ela bebeu de minha taça."
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E ele respondeu:
"Pois amanhã ela beberá da minha."
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E eu disse:
"Veja como ela olha para ele com os olhos de amor!
Era assim, amorosa, que ontem me fitava."
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E ele observou:
"Amanhã, ela me olhará da mesma forma."
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E eu disse:
"Ouça como ela sussurra canções de amor no ouvido dele.
Ontem, era nos meus que ela sussurrava essas canções."
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E ele acrescentou:
"Amanhã, ela as catarolará nos meus."
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E eu disse:
"Veja-a como o abraça;
ontem, era a mim que ela
abraçava."
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E ele observou:
"Amanhã ela se entregará nos meus braços."
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E eu disse:
"Que estranha mulher é ela!"
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E ele esclareceu:
"Ela é a Vida."
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quarta-feira, 16 de julho de 2008

.o animal que não fala

[do livro Pensamentos e Meditações - Kahlil Gibran]
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No semblante do animal que não fala, há todo um discurso que somente um espírito sábio pode realmente entender.
(De um poema hindu)
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"Quase ao crepúsculo de um lindo dia, quando a fantasia se apoderou de meu espírito, eu passava pelos limites da cidade e me detive diante do muro de uma casa abandonada da qual apenas restavam corroídos alicerces. No terreiro pedreguento vi um cachorro deitado sobre imundícies e resíduos. Sua pele estava coberta de feridas e a doença dominava seu corpo débil. Mirando de quando em quando o sol poente, seus olhos tristonhos exprimiam humilhação, desespero e miséria.
Caminhei vagarosamente em sua direção, desejando que eu soubesse a língua dos animais, de modo a poder consolá-lo com minha simpatia. Porém minha aproximação só lhe causou terror, e o pobre animal tentou levantar-se sobre suas pernas paralíticas. Caindo, ele me olhou de uma maneira em que havia ódio e súplica misturados. No seu olhar havia uma comunicação mais lúcida que as palavras dos homens e mais emocionante que as lágrimas das mulheres.
Eis o que o entendi dizer:
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"Homem, tendo sofrido todas essas doenças causadas por tua brutalidade e perseguição.
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"Fugindo de teus pés agressivos, refugiei-me aqui pois as imundícies e o lixo são mais carinhosos que o coração do Homem; eles transmitem menos melancolia que a alma do Homem. Vai-te, intruso, para o teu mundo anárquico e sem lei.
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"Sou uma criatura miserável que serviu o filho de Adão com fé e lealdade. Eu era o companheiro fiel do homem e o protegia dia e noite. Sentia profundamente sua ausência e saudava com alegria sua volta. Contentava-me com os pedaços de miolo que caíam de sua mesa e ficava feliz com os ossos que seus dentes tinham descarnado. Mas quando fiquei velho e doente, ele me tocou de sua casa e abandonou-me sem piedade à fúria dos meninos dos becos.
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"Ó filho de Adão, vejo a similaridade entre minha situação e a dos próprios homens quando a idade os inutiliza.
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"Há soldados que lutaram por seus países quando estavam na força da vida e que depois ainda cultivaram o seu solo. mas depois que o inverno de suas vidas chegou e não eram mais úteis, foram atirados para as margens.
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"Vejo também uma semelhança entre minha sorte e a de uma mulher que durante os dias de sua bela juventude entusiasmou o coração de um jovem, e que mais tarde, como mãe devotou a vida aos filhos. mas agora, decrépita, é ignorada e abandonada. Como sois opressivos, filhos de Adão, e como sois cruéis."
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Estas foram as palavras do animal que não fala, captadas por meu coração."
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dispensa ilustrações. quem nunca reparou no olhar de tristeza de um animal? quem nunca percebeu o quão sensíveis eles são? O quanto de sentimentos e valores que possuem, desde amor, alegria, amizade, fidelidade, lealdade até dor, tristeza, raiva, melancolia?...
sinto um vazio por quem não é tocado por isso.
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terça-feira, 15 de julho de 2008

.cantarolando

“De onde vem o jeito tão sem defeito
Que esse rapaz consegue fingir?
Olha esse sorriso tão indeciso
Tá se exibindo pra solidão”

[Los Hermanos, em De Onde Vem a Calma]
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"Todo dia um ninguém josé acorda já deitado
Todo dia, ainda de pé, o zé dorme acordado
Todo dia o dia não quer raiar o sol do dia
Toda trilha é andada com fé de quem crê no ditado
De que o dia insiste em nascer
Mas o dia insiste em nascer pra ver deitar o novo."
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[Los Hermanos - Todo Carnaval tem seu Fim]
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eu não curto o som deles, mas tem várias letras boas... e grudentas!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

.mas que decadência...


[como mudaram os conceitos...]
¬¬'

domingo, 13 de julho de 2008

.dia mundial do tio róque!

sim, poxa, eu tinha que postar aqui alguma coisa sobre isso. afinal, é o que eu gosto de ouvir, nas suas mais diversas variações.
estava lendo uma superinteressante especial - mundo estranho - com respostas pra 100 curiosidades, que vão desde "por que os planetas têm forma esférica?", passando por "por que as feridas coçam ao cicatrizar?" até "como são feitos os pilares de pontes construídas sobre o mar?".
e eis que leio sobre outra questão:


"De onde vem a expressão rock and roll?"

"A expressão, que literalmente significa "balançar e rolar", fazia parte da gíria dos negros americanos desde as primeiras décadas do século XX, para referir-se ao ato sexual. Assim, ela já aparecia em várias letras de blues e rhythm'n'blues como "Good Rockin' Tonight" (1947), de Roy Brown - antes de ser adotada como nome do novo estilo musical, que surgiu nos anos 50, com Bill Halley e Elvis Presley, e consistia basicamente na fusão desses ritmos negros com a branquela música country. Esse batismo costuma ser atribuído ao disc-jóquei americano Alan Freed (1922-1965), cujo programa de rádio foi um dos principais responsáveis pela popularização da nova onda, altamente dançante, que logo contagiou toda a juventude do país e do mundo. Na década de 60, o rótulo foi abreviado para rock, para abranger as mudanças provadas por artistas como Bob Dylan e Beatles, abrindo um leque de infinitas variações: rock psicodélico, rock progressivo, folk rock, hard rock, heavy metal etc etc. A partir daí, o termo rock'n'roll passou a significar exclusivamente o estilo original, característico da década de 50."

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[então tá, né?]
\m/
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.contrariar as contrariedades

"Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de.
Apesar de, se deve comer.
Apesar de, se deve amar.
Apesar de, se deve morrer.
Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente.
Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora da minha própria vida."
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[clarice lispector, in 'Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres']
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sexta-feira, 11 de julho de 2008

.rir também é necessário

só posso dizer que chorei de rir.
nada mais, nem menos que isso.
fotos bizarras, depoimentos que não eram pra ser aceitos, muita gente burra e até assaltos marcados via scrap.
ê braZIUZÃo!
[meio mundo já deve conhecer o site, mas eu, como não sou muito ligada nessas besteiras da net, só conheci agora...]


e aí? tem certeza que vai querer ver isso???
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quinta-feira, 10 de julho de 2008

.descomplicar é necessário

Nem sei quantas vezes nos últimos dias eu repeti a frase: "mas tá difícil ser feliz, hein??!"
Não sei o que anda acontecendo, só sei que tem gente demais se queixando da vida. Tudo bem, eu concordo que não é fácil pra mim, nem pra ninguém. Mas as pessoas não se ajudam, e assim a coisa não vai!

E comecei a reler um livro da Zibia Gasparetto [esse não psicografado] que tenho aqui em casa há anos... to sem nada novo, então nos meus momentos de ócio releio o que mais gosto. E caí num texto que termina dessa forma:


"Colocamos nossa felicidade em coisas ou pessoas sem saber se quando a obtivermos seremos realmente felizes. Nós nos iludimos de tal forma que passamos a viver na esperança do futuro. Com esse comportamento, desperdiçamos os melhores momentos de nossas vidas. Estamos ausentes o tempo todo. As boas oportunidades passam por nós e nem sequer as percebemos. Não vivemos realmente, só cultivamos nossa loucura.

Não é de estranhar que agindo assim acabemos infelizes, frustrados e cheios de insatisfação.

Vamos mudar isso? Você pode. Está em suas mãos criar e modificar o próprio destino. O poder é só seu.

Aí vai uma dica. Tudo na vida tem dois lados: o positivo e o negativo. Todas as situações podem ser observadas através deles. De que lado você está? Diante de um problema ou de um momento desagradável, pergunte-se:
- O que a vida pretende me ensinar com esse fato?
Tenha calma e espere. A resposta virá com certeza. Logo perceberá o lado bom do que está acontecendo. E se você aprender logo, certamente não precisará mais dele. Vamos tentar?"
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[zibia gasparetto - in conversando contigo!]

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eu concordo com cada palavra. são coisas que eu vivo dizendo para as pessoas, e há tempos coloquei na minha prática diária. deixa tudo mais leve, e faz toda a diferença...

e a propósito: não há dúvidas que dizer "não" é libertador.
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.da essência de tudo

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quarta-feira, 9 de julho de 2008

.a redução do pensamento à palavra

"O homem parecia ter desapontadamente perdido o sentido do que queria anotar.
E hesitava, mordia a ponta do lápis como um lavrador embaraçado por ter que transformar o crescimento do trigo em algarismos.
De novo revirou o lápis, duvidava e de novo duvidava, com um respeito inesperado pela palavra escrita.
Parecia-lhe que aquilo que lançasse no papel ficaria definitivo, ele não teve o desplante de rabiscar a primeira palavra.
Tinha a impressão defensiva de que, mal escrevesse a primeira, e seria tarde demais.
Tão desleal era a potência da mais simples palavra sobre o mais vasto dos pensamentos.
Na realidade o pensamento daquele homem era apenas vasto, o que não o tornava muito utilizável.
No entanto parece que ele sentia uma curiosa repulsa em concretizá-lo, e até um pouco ofendido como se lhe fizessem proposta dúbia."
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[clarice lispector, in "A Maçã no Escuro"]
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terça-feira, 8 de julho de 2008

.o cérebro sexual

texto publicado na Veja de 11 de julho de 2007 [pois é, já faz um ano... tava vendo umas revistas velhas e achei interessante].
pensei que só eu falasse em egoísmo com fundo altruísta. mas descobri que esse cara também acha que isso existe. sim, é um termo meio complicado mesmo, que achei que só eu usasse, embora sempre em outros assuntos.
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dentre outras coisas mais, concordo com quase tudo que ele diz...


O cérebro sexual
Stephen Kanitz

"Um dos melhores livros que li nos últimos anos foi A Mente Seletiva, de Geoffrey Miller, um especialista em psicologia e genética comportamental. Nunca escrevi algo polêmico aqui antes, porque assuntos polêmicos requerem um livro inteiro, não uma única página. Vou arriscar e abrir uma exceção. Ele começa apontando um segundo livro de Darwin que poucos lêem, A Origem do Homem, em que ele fala de seleção sexual. Mulheres selecionam homens, e vice-versa. A variação genômica não é só conseqüência do meio ambiente.

O melho exemplo é a plumagem do pavão, que o torna mais lento na hora de fugir dos seus predadores, mas é do que as fêmeas gostam, e por isso ele deixa mais descendentes quanto maior e mais bela for sua plumagem. Se você achava que Darwin e a "evolução" significam "a sobrevivência do mais forte", você foi ludibriado por alguém. Não podemos esquecer a seleção sexual que age para "a sobrevivência dos mais atraentes ao sexo oposto". Uma bela diferença.

Geoffrey Miller traz uma nova teoria sobre por que o cérebro humano é tão mais desenvolvido que o dos outros animais. Ele sugere que foram as mulheres que nos fizeram mais inteligentes. Até hoje, homens selecionam mulheres bonitas, mas mulheres selecionam homens inteligentes. Elas namoram mauricinhos, mas casam-se com o que chamam de "homem-cabeça".

Muitos homens já sabiam disso intuitivamente, basta responder a esta singela pergunta: "Para conquistar o amor de uma mulher você usaria prosa ou poesia?". Se respondeu que o amor se conquista com poesia, você é do time do Miller. Pela lógica, você deveria ter respondido "prosa". Prosa é mais amplo, você pode dizer absolutamente tudo. Poesia é limitante, especialmente se for rimada em versos alexandrinos. Tente rimar "seus lindos olhos azuis". Você só tem mais alguns segundos antes de ela sumir.

Só que Miller está certo: mulheres ficam fascinadas com homens que sabem escolher o ritmo das palavras, que selecionam um pequeno grupo estranho de termos, não aqueles que realmente descrevem seus sentimentos. Mulheres preferem um homem feio com senso de humor ao oposto.

Se a tese for comprovada, as conseqüências são múltiplas e devastadoras. O cérebro seria mais um órgão sexual que muitos homens usam descaradamente, mentindo, por exemplo. Isso explica o intelectual pavão, que utiliza o cérebro não na busca da verdade, mas para seduzir o sexo oposto.
(...)

Mais uma vez, nesta semana usei os ensinamentos de Miller ao ler uma crítica aos nossos políticos na Internet, por terem filhos fora do casamento, o que é uma grosseira generalização. Nossos políticos não são mulherengos, pelo menos não mais nem menos do que o resto da população. O problema é que mulherengos se tornam políticos por ter justamente os requisitos intelectuais necessários para seduzir o eleitor. Vide Bill Clinton, Mitterrand e Kennedy.
(...)

Se mulherengos escolhem propositadamente algumas profissões, em que possam usar seus privilegiados cérebros para conquistar mulheres, quais seriam elas? E, aí, como vamos separar o joio do trigo? (...) Miller responde a algo que sempre me intrigou: por que alguém com 1 milhão de dólares arrisca tudo para dobrar seu capital? O que estaria por trás de toda essa ganância da direita e dessa ânsia de poder da esquerda? A resposta dele para as perguntas: mulher. Por outro lado, aponte-me alguém que continue rico após o quarto casamento ou que atraia mulher em fim de mandato.

O que chamamos de egoísmo é no fundo altruísmo, um desejo de atrair o sexo oposto e compartilhar a vida com ele. Por isso, intelectual odeia rico, e vice-versa, e as mulheres adoram ambos. O trailer é esse, minha gente. Leiam o livro para tirar as próprias conclusões."

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segunda-feira, 7 de julho de 2008

.eu queriaaaaaaa

Eu sei que não tem a ver com o que eu posto aqui normalmente.
Mas, mas.. é que... vai ter show do Muse dia 30 no Rio, e eu queria muito, muito ver!!! =(
[droga... podiam vir pra mais perto...]

Só digo 1 coisa: Vi, me faz o favor de não deixar de ir! senão te mato na volta...
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e uma das minhas preferidas...



Butterflies And Hurricanes


Change
Everything you are
And everything you were
Your number has been called
Fights, battles have begun

Revenge will surely come
Your hard times are ahead

Best
You've got to be the best
You've got to change the world
And you use this chance to be heard
Your time is now

Change

Everything you are
And everything you were
Your number has been called
Fights and battles have begun
Revenge will surely come
Your hard times are ahead

Best
You've got to be the best
You've got to change the world
And you use this chance to be heard
Your time is now

Don't
Let yourself down
Don't let yourself go
Your last chance has arrived

Best
You've got to be the best
You've got to change the world
And you use this chance to be heard
Your time is now

.
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domingo, 6 de julho de 2008

.uma constatação

"A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento.
Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver.
Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar."

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[fernando pessoa - do "livro do desassossego"]
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sábado, 5 de julho de 2008

.duas verdades

"Terei toda a aparência de quem falhou,
e só eu saberei se foi a falha necessária."
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[clarice lispector]
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sexta-feira, 4 de julho de 2008

.o óbvio

afinal... ya me conoces!
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[a cara do garfield nessa tirinha é per-fei-ta!!!]
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quarta-feira, 2 de julho de 2008

.do caminho

ao mesmo amigo*.
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"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava.
Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente.
Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.
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[clarice lispector]
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*que já se ferrou muito por não me ouvir, mas ainda assim faz questão dos meus conselhos. eu não sou, nem nunca fui a dona da verdade. porém no final sempre existe um "eu devia ter feito como tu me disse...". que cada um fique com a sua verdade.
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terça-feira, 1 de julho de 2008

.o paradoxo do entendimento

a um amigo querido.
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"Mas de vez em quando vinha a inquietação insuportável: queria entender o bastante para pelo menos ter mais consciência daquilo que ela não entendia.
Embora no fundo não quisesse compreender.
Sabia que aquilo era impossível e todas as vezes que pensara que se compreendera era por ter compreendido errado.
Compreender era sempre um erro - preferia a largueza tão ampla e livre e sem erros que era não-entender.
Era ruim, mas pelo menos se sabia que se estava em plena condição humana."
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[clarice lispector - 'Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres']
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